Por: Pr. Armando Castoldi
Estudos recentes na área da biologia e da neurologia levantam a hipótese de que a fé está intimamente relacionada à genética. Pesquisas revelam que pessoas envolvidas em transe ou forte entrega espiritual manifestam atividades intensas em áreas específicas do cérebro e que essas mesmas pessoas são portadoras de características genéticas específicas. Esses dados revelariam que a fé e o envolvimento religioso nada mais são do que uma propensão genética – o “gene de Deus”.
Para os evolucionistas, este seria o grande argumento para provar que a fé não passa de um mecanismo desenvolvido pela própria mente humana para sublimar o sofrimento e fugir ao confronto dos grandes mistérios da vida, como a própria realidade da morte. Por outro lado, seria muito estranho que o ser humano desenvolvesse uma necessidade tão forte de se apoiar no sobrenatural, se não houvesse alguma resposta concreta por trás da sua busca. Alguém já disse que acreditar que a necessidade de Deus seja mera projeção da mente humana, seria como acreditar na evolução de um corpo provido de pulmões num ambiente onde não existisse ar.
Particularmente não vejo nada de extraordinário nessas descobertas, uma vez que todos os nossos sentidos passam pelo cérebro. Seria estranho se nossas experiências espirituais se passassem totalmente à parte do nosso corpo físico. Porém se a fé decorre unicamente de alguém possuir ou não determinados traços genéticos, isso equivaleria a “crer” num fatalismo que leva pelo menos a três conclusões: 1º)Sendo a fé uma mera consequência da minha estrutura genética, Deus não existe e, portanto, não importa no que eu creio, contanto que eu me sinta bem; 2º) Seu eu não tenho qualquer interesse por questões espirituais, não devo me preocupar com isso, pois não fui feito para crer; 3º)Nenhum apelo à fé seria aceitável, pois quem é apto a crer, já crê naquilo que deveria crer e quem não é apto, não irá crer de qualquer modo. Assim, qualquer esforço que eu fizesse no sentido de crer ou levar alguém a crer, seria uma violência contra mim mesmo ou contra os outros.
Aliás, o mesmo princípio tenta-se aplicar em relação a determinados comportamentos sociais, especialmente em relação à expressão sexual. Mas será que é tão simples assim? Eu, que prego o Evangelho, vejo que em nossa cultura local (falo da cultura italiana e católica), são raros os homens que manifestam verdadeiro interesse pelas coisas espirituais. Será que estão todos prejudicados geneticamente? Claro que não! Mas como em nosso contexto há uma visível ascendência espiritual materna, à medida que vão amadurecendo, os homens vão perdendo o interesse pela religião. Ora, assim como um membro do corpo que não é exercitado se atrofia, o espírito, sem alimento, vai definhando e, às vezes de fato chega ao ponto que já não reage mais. Já o mesmo não acontece em relação ao futebol, ao jogo de cartas, bochas, ao alcoolismo e, até mesmo em relação à blasfêmia. Já pensou alguém simplesmente desculpar-se a si mesmo, por que nasceu com a propensão para blasfemar? Mas esta é a tendência!
Prezado leitor: Talvez exista algum fundo de verdade nessas pesquisas, no sentido que alguns terão uma propensão para experiências mais intensas. Contudo, a salvação que Deus oferece não depende da intensidade das nossas vibrações mentais. A fé bíblica é antes de tudo a compreensão no nível da razão e a aceitação, no nível da vontade, de questões bem básicas. Ora, diante da grandeza e complexidade da criação e diante da finitude e das contradições da nossa natureza, não é difícil admitir que existe um Deus a quem devemos prestar contas. Não precisamos de genes especiais para compreender a Palavra de Deus e sermos salvos. A oferta da salvação a ninguém exclui: “Por que Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. (João 3.16)
JESUS, A OPÇÃO DA VIDA!