Por: Pr. Armando Castoldi
Simone, quando solteira, tinha o hábito de tomar chimarrão com seu pai. Ele costumava temperar o chimarrão com o tradicional “Chá Jamaiquinha”. Quando o nosso casamento já estava próximo, ele encontrou um modo muito sábio de lhe ensinar uma importante lição: -Moninha! Quando eu for na tua casa, como tu vais temperar o chimarrão: Do jeito que eu gosto ou do jeito que o Armando gosta? Ela, imediatamente respondeu: -Quando tu fores me visitar eu vou prepará-lo do teu jeito. E ele respondeu: -Errado! Quando tu casares, independentemente de quem for te visitar, tu deves temperar o chimarrão do gosto do teu marido.
Hoje, dia 30 de maio de 2012, talvez embalados pela chuva que finalmente chegou nesta madrugada, acordamos um pouco mais tarde. Como tínhamos um aconselhamento agendado, a Simone foi logo para a cozinha adiantar as coisas. Eu estava na sala, quando a ouvi “pensando alto”: -Não, eu vou seguir o conselho do meu pai! Ao perguntar-lhe sobre o que estava falando, respondeu que por causa da visita, estava colocando outro tempero no chimarrão, quando então lhe veio à mente essa lembrança.
A quem interessar possa, o tempero “do meu gosto”, é a mistura de pariparoba, canca rosa e figo. Seco as folhas ao forno, trituro bem e na hora do preparo, adicionamos à erva uma porção dessa mistura. E também a quem interessar possa, nosso ritual de todas as manhãs, junto com o chimarrão, é um bom papo, a leitura da Bíblia e a oração. Desconheço receita melhor para começar o dia!
Mas voltando ao foco, é lógico que o meu sogro não estava falando apenas de chimarrão, mas de um princípio fundamental para manter um casamento saudável. Normalmente não são eventos extraordinários que fazem perdurar ou ruir uma relação, mas os pequenos fatos do quotidiano; aquelas coisas que parecem insignificantes, mas cuja soma acaba fortalecendo ou fazendo definhar o amor. O amor é o mais grandioso dos sentimentos, porém ele se sustenta pela repetição de pequenos gestos.
Vivemos num tempo de grandes mudanças sociais e a família tem sido a grande vítima. Frequentemente encontro pais desesperados, que já não sabem o que fazer com seus filhos, mas poucos parecem preocupados com o seu relacionamento conjugal. A desestrutura familiar raramente começa com os filhos. As causas dos desvios de conduta da adolescência e da juventude são quase sem exceção o reflexo do ambiente familiar. Filhos que crescem dentro dos muros de um lar equilibrado, terão estrutura para enfrentar com serenidade as diferentes fases que conduzem à maturidade. E, quando ainda assim sucumbem diante de alguma tentação, ao caírem em si, como na parábola do Filho Pródigo, sempre terão um ninho quente para onde retornar. (Lucas 15.11-32)
A minha experiência é que quando o casamento vai bem, os filhos estão seguros. E quando o casamento vai mal, os filhos ficam sem rumo. O pior acontece quando os pais caem na armadilha de tentar compensar sua insatisfação conjugal na vida dos filhos. Estes, que não são tolos, ao se sentirem usados, acabam pagando com a mesma moeda e começam manipular em seu favor a insegurança dos pais. Isso cria um círculo vicioso, um buraco negro que atrairá todos para dentro de si. É assim que sucumbem a maioria dos lares de nossos dias.
Prezado leitor: A família está no coração de Deus. A família foi, é, e continuará sendo a pedra fundamental sociedade humana. Mas onde e quando começa a família? A família começa quando um homem e uma mulher decidem responsavelmente repartir todos os seus dias. A partir dessa decisão, ninguém exceto Deus - nem mesmo os filhos, poderá ser mais importante do que a pessoa a quem elegemos para determinar o tempero do nosso chimarrão. “Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como leito sem mácula; porque Deus julgará os impuros e os adúlteros” – Hebreus 13.4.
JESUS, A OPÇÃO DA VIDA!