Por: Pr. Armando Castoldi
Clive Staples Lewis (20/11/1989-22/11/1963), mais conhecido como C.S. Lewis, nasceu em Belfast, na atual Irlanda do Norte, mas residiu grande parte de sua vida na Inglaterra. Tornou-se escritor e professor acadêmico de renome. Em 1931 converteu-se ao cristianismo e passou a fazer parte da Igreja Anglicana. Lewis é conhecido por uma obra extensa, de gênero variado, compreendendo literatura medieval, apologética cristã, ficção para crianças , ficção científica e crítica literária. Mais de 200 milhões de cópias já foram vendidas de seus 40 livros, os quais foram traduzidos para mais de 30 línguas. Sua obra mais conhecida entre nós é a série Crônicas de Nárnia, hoje também transformada em filmes.
Em seu livro O Grande Abismo, C.S Lewis faz uma “viagem” ao mundo do além, algo semelhante à obra Divina Comédia, de Dante Alighieri, clássico da literatura universal. Não quero falar aqui da obra em si, mas de algo que ele compartilha no prefácio do referido livro, falando a respeito da duplicidade da natureza humana. Eis parte do texto: “William Blake escreveu o livro Matrimônio do Céu e do Inferno. Se escrevi sobre a separação dos dois, não é porque me julgue um concorrente digno de tão grande gênio, nem mesmo por que me sinta sabedor absoluto do que Blake pretendia. No entanto, num sentido ou noutro, a tentativa de fazer esse casamento é constante. Essa tentativa baseia-se na crença de que a realidade jamais se apresenta com ‘issos ou aquilos’ plenamente inevitáveis, mas que, garantidas a capacidade e a paciência e (acima de tudo) tempo suficiente, sempre se dá um jeito de abraçar ambas as alternativas. O mero desenvolvimento, ajuste ou refinamento, transformará, de algum modo, o mal em bem, sem sermos chamados para uma recusa final e total de qualquer coisa que gostaríamos de reter. Essa crença, para mim, é um erro desastroso. Não podemos levar todas as bagagens conosco numa viagem, e é possível que até mesmo nossa mão ou nosso olho direito estejam entre as coisas que tenhamos de deixar para trás. Não fazemos parte de um mundo onde todos os caminhos são raios de um mesmo círculo e onde todos eles, se percorridos em um tempo suficiente, gradualmente se vão aproximando até que se encontrem no centro; ao contrário, vivemos num mundo em que toda estrada, depois de alguns quilômetros, divide-se em duas, e cada uma dessas em mais duas, e a cada bifurcação você é obrigado a tomar uma decisão. Mesmo em seu aspecto biológico, a vida não é como um rio; ela e mais como uma árvore. Não se move na direção da unidade, mas na direção oposta, e as criaturas separam-se cada vez mais uma das outras, à medida que se desenvolvem em perfeição. O bem, à medida que se aprimora, torna-se cada vez mais diferente, não somente do mal, mas também de outro bem.
Eu não creio que todos os que escolhem caminhos errados perecem; mas seu resgate consiste em serem colocados de volta no caminho certo. Uma soma errada pode ser corrigida; mas apenas fazendo o caminho de volta até você encontrar o erro e continuando a partir desse ponto, nunca simplesmente prosseguindo. O mal pode ser desfeito, mas não pode “desenvolver-se” em bem. O tempo não cura. O encanto deve ser desfeito pouco a pouco, ou então não será desfeito. Ainda será uma coisa ou outra. Se insistirmos em manter o Inferno (ou mesmo a Terra), não veremos o Céu; se aceitarmos o Céu, não conseguiremos reter nem mesmo a menor e mais íntima lembrança do Inferno. Acredito, na verdade, que qualquer homem que alcançar o Céu descobrirá que aquilo a que renunciou (mesmo se tiver arrancado seu olho direito) não foi perdido; que a essência do que realmente estava buscando, mesmo no seu desejo mais corrompido, está ali, muito além das suas expectativas, esperando por ele nos ‘Lugares Altos’.”
Prezado leitor: Quando você ouvir ou cogitar em seu coração que “todos os caminhos levam ao Céu”, não creia. Somente a sua decisão pelo caminho certo o levará para lá!
JESUS, A OPÇÃO DA VIDA!