Por: Pr. Armando Castoldi
Nos últimos tempos tenho feito algumas viagens de avião, o que já não é mais algo fora do comum, pois em muitos casos está bem mais em conta voar do que andar de ônibus ou de carro. Porém o extraordinário, se já não está mais no privilégio ao acesso, continua presente no simples ato de voar.
Semana retrasada fui para Londrina-PR, com escala em Campinas-SP. Sendo assim, por voar mais que o necessário, passei bastante tempo no ar. Na ida o avião enfrentou muitas turbulências, tendo que atravessar uma tempestade de botar medo, porém na volta o dia estava muito lindo, com o céu parecendo mais um campo de algodão. E foi na volta, voando bem acima das nuvens que fiquei meditando na singularidade da vida.
Incrível, mas subindo apenas alguns quilômetros, tudo aquilo que conhecemos como vida, fica abaixo de nós. Ali, nesse ínfimo espaço entre as nuvens e a terra é que tudo acontece. Acima de nós, ainda algumas camadas invisíveis da atmosfera e depois apenas o espaço infinito. Em poucos minutos deixamos para trás o maior milagre conhecido do universo, a vida!
Não é nenhuma novidade o que estou dizendo, porém é assustador pensar na insignificância e ao mesmo tempo na grandeza daquilo que representamos. Sob um aspecto, somos quase um nada, sob outro aspecto, somos praticamente tudo. Digo praticamente tudo, pois eu creio que o mundo espiritual subsiste em outra dimensão e que Deus, seja onde for o lugar de Sua habitação, vive além da Sua própria criação.
Mas voltando ao foco, é de fato um grande privilégio poder vivenciar uma experiência assim; ver as coisas de cima, ter uma perspectiva completamente diferente do mundo como normalmente o percebemos.
Porém um outro impacto de voar, é perceber o quanto o ser humano tem sido insensível ao milagre da vida. Lembro de outra viagem que fiz há alguns anos, ao sobrevoar o Nordeste brasileiro em época de seca. O que temos feito com a Terra é absolutamente incompreensível e inominável. Que espécie de seres somos afinal? Que inteligência é essa que não permite perceber questões tão elementares?
O que somos? Evidentemente que somos pecadores. Mas talvez esse termo já não soe bem aos ouvidos contemporâneos. Então eu vou usar outra palavra, esta mais palatável talvez. Somos consumidores! Tudo se consome em nossas mãos, até que nós mesmos acabamos consumidos na nossa insaciável compulsão de consumir.
Para muitos, o relato da criação pode não fazer sentido, mas olhando a Terra de cima, podemos compreender os motivos pelos quais a Bíblia relata que ao nos criar, Deus colocou-nos num Jardim, o qual deveríamos cultivar e guardar. (Gn. 3.15) Infelizmente com o pecado, perdemos também essa perspectiva.
E o que não consumimos? Consumimos a Terra, consumimos nosso próprio corpo, nossas emoções, consumimos totalmente a nós, aos outros e a tudo aquilo que nos cerca. Consumimos, consumimos, consumimos. No que retribuímos mais do que usamos? Nossa espiritualidade é consumista. Dificilmente procuramos um lugar de culto para dar alguma coisa. Queremos apenas receber. A Igreja boa é aquela que satisfaz nosso padrão e nossos caprichos. Não é de estranhar que tantos se curvam diante de imagens ou de falsos profetas, porque aquelas nada dizem e estes, dizem apenas aquilo que queremos ouvir.
Mas como Jesus foi diferente! Ele nada tomou para si. Apenas deu e deu-se, sempre, sempre, até a morte. Tudo o que Ele tocou, ficou melhor; tudo o que Ele tocou ganhou vida! Como não crer que Ele é o Filho de Deus? Por que razão não segui-Lo?
Prezado leitor: Pense nisso, pois Páscoa sem Jesus, é simplesmente mais um ato de consumo! Eu lhe desejo então, uma FELIZ PÁSCOA!
JESUS, A OPÇÃO DA VIDA!