Por: Pr. Armando Castoldi
No meu velho Dicionário de Língua Portuguesa LISA, editado no longínquo ano de 1974 a palavra honra possuía o seguinte significado: “Sentimento de dever, ou de dignidade própria; probidade; virtude; glória; culto; graça; dignidade; castidade; virgindade; título honorífico; honraria”. Honra era uma palavra forte e indispensável. Honra significava a pedra fundamental da boa cidadania.
Foi debaixo do peso dessa palavra que aprendi desde criança a pensar duas vezes antes de fazer uma besteira. Lembro-me que de tudo quanto vinha embutido nos sermões do meu pai uma advertência inevitavelmente repetida era: Nunca desonre o nome da tua família. Isso para mim era algo forte; algo que eu deveria observar como um mandamento sagrado. E era!
Porém, olhando para essa definição com os olhos da presente geração, não é de estranhar que essa palavra seja mais uma das tantas que vem sendo eliminadas do nosso vocabulário e quando usada sabe-se lá o que quer significar. Ora, no senso comum de nossos dias, o que sobraria dessa definição? Em muitos aspectos aquilo que era tido por honra hoje soa como ridículo, ultrapassado ou até mesmo vergonhoso. Sentimento de dever? Dignidade própria? Probidade? Virtude? Glória? Dignidade? Culto? Graça? Castidade??? Virgindade??? Será que tudo isso ainda tem a ver com honra? Mas é exatamente tudo isso que a palavra honra deveria significar.
Confesso que tenho andado contrariado ultimamente porque para transmitir algum conceito eu preciso da ajuda das palavras. Como somente podemos fazer cálculos matemáticos por que cada número ou símbolo tem seu valor e significado exatos, assim também a comunicação de conceitos exige uma padronização da linguagem. É uma lei que vale para todas as esferas do conhecimento. Porém, quando as palavras já não significam aquilo que deveriam significar, então perdemos com o significado, o senso de responsabilidade que elas deveriam nos impor. Quero colocar alguns exemplos: Quando a Bíblia diz que devemos honrar a Deus, está implícito que só a Ele devemos glorificar e prestar culto; Quando dizemos que um político deve ser um homem honrado, está implícito que ele deve agir com probidade, que deve estar imbuído de um senso de dever para com aqueles a quem representa; se digo à minha filha que ela deve ser uma moça honrada, ela felizmente compreende que isso tem a ver com graça, dignidade, castidade, virgindade.
Alguém dirá: Ah! Mas as palavras com o tempo mudam de sentido. Sim, isso é possível, mas não se trata somente de palavras em si, mas do conteúdo que elas carregam. Se encontrarmos outra palavra para transmitir de maneira suficientemente forte o mesmo conteúdo, tudo bem. Mas o problema é que com perda do sentido da palavra honra, vai se perdendo junto a própria honra! Vou colocar alguns exemplos: Os velhos se sentem desonrados pelos jovens, mas muitas vezes são eles que desonram a si mesmos com uma conduta inadequada à sua idade; os pais se sentem desonrados pelos filhos, mas muitas vezes são eles que desonram os filhos com uma vida irresponsável e promíscua; as autoridades se sentem desonradas pelos cidadãos, mas elas mesmas desonram o cargo que ocupam com sua falta de probidade e senso de dever; Muitos líderes religiosos se sentem desonrados pelos seus fiéis, mas que modelo de honra transmitem? É lógico que há exceções, mas não há como negar que estamos a caminho de uma nova Babel, onde na busca de uma falsa honra própria, acabamos todos confundidos por uma linguagem vazia de sentido, como sinos badalando ao acaso.
Prezado leitor: Há dois livros que precisam voltar para a cabeceira da nossa cama: a Bíblia e um bom dicionário, este, tão antigo quanto, se possível! Juntos, eles nos ajudarão a recolocar a honra em seu devido lugar: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo” – Mateus 22.37-39.
JESUS, A OPÇÃO DA VIDA!