Por: Pr. Armando Castoldi
Quando falo à Igreja sobre comportamento, sempre digo que devemos zelar pela aparência, pois a sinceridade de coração nem sempre é suficiente para tornar evidente a mensagem que queremos passar. Aquele que possui uma intenção pura deverá também zelar para não ser mal interpretado em suas atitudes, já que não está ao alcance do homem discernir o que se passa no coração do seu semelhante. Deus vê a essência, mas nós somente podemos ver a aparência! Mas será tão fácil manter um equilíbrio saudável entre esses dois conceitos? Não corremos também o risco de fazer o movimento contrário?
O fato é que a busca de credibilidade leva a um comportamento mais ou menos padronizado, de tal maneira que quando alguém decide identificar-se com determinado seguimento religioso, é bem provável que passará a ensaiar uma aparência “piedosa”.
Mas, o coração do homem, na ânsia de buscar sempre um lugar de conforto, pode pregar muitas peças, mesmo àqueles que são mais sinceros: “Enganoso é o coração, mais do que todas as cousas, e desesperadamente corrupto, quem o conhecerá?” – Jeremias 17.10.
Mesmo bastante familiarizado com as Escrituras, sempre me impressiona a forma como Jesus tratava com os fariseus: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e tendes negligenciado os preceitos mais importantes da lei, a justiça, a misericórdia e a fé; devíeis, porém fazer estas cousas, sem omitir aquelas. Guias cegos! que coais o mosquito e engolis o camelo. Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! porque limpais o exterior do copo e do prato, mas estes por dentro estão cheios de rapina e intemperança. Fariseu cego! limpa primeiro o interior do copo, para que também seu exterior fique limpo. Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Porque sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora se mostram belos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos, e de toda imundícia. Assim também vos exteriormente pareceis justos aos homens, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e de iniqüidade”. – Mateus 23. 23-28.
O significado da palavra fariseu é “separado” ou “santo”. O farisaísmo nasceu como um movimento de santidade, em resistência aos elementos da cultura grega que gradativamente estavam sendo introduzidos na religião judaica, no ultimo período histórico que antecedeu à vinda de Jesus. Nascidos para ser um referencial de integridade religiosa, e por isso chamados “fariseus”, acabaram se tornando um referencial de hipocrisia.
Assim, o farisaísmo tornou-se um termo religioso, sinônimo de uma doença silenciosa e mortal, que imperceptivelmente vai desviando o foco de atenção do interior para o exterior. E, uma vez estabelecido, cauteriza a consciência, anula a voz do Espírito, cega o entendimento da Palavra de Deus e pode fazer com que toda uma geração e até mesmo muitas gerações sejam privadas da luz: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Porque fechais o reino dos céus diante dos homens; pois vós não entrais, nem deixais entrar os que estão entrando” – Mateus 23. 13.
Tenho boas razões para concluir que era exatamente essas verdades que o apóstolo Pedro desejava transmitir quando disse: “Sabendo que não foi mediante cousas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo, conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo, porém manifestado no fim dos tempos, por amor de vós” – 1 Pedro 1.18-20.
Prezado leitor: refletir ou não sobre essas realidades põe em questão não somente o projeto de Deus para sua vida aqui, mas também o seu destino eterno!
JESUS, A OPÇÃO DA VIDA!