Por: Pr. Armando Castoldi
Nascido no interior, tive sem dúvida uma infância tão rica quanto perigosa. Creio que deveria ter uns cinco anos de idade, não mais que isso! Depois do almoço, enquanto meu pai tirava uma “sesta” e minha mãe cuidava da casa, normalmente eu dava um jeito de “sair de fininho” e procurar alguma aventura. E foi nas proximidades da horta, no calor do meio-dia, que topei com uma respeitável jararaca se aquecendo ao sol. Fiquei observando-a por um bom tempo e, vendo-a tão parada, pensei: Não vai ser difícil matá-la! Então, cheio de coragem arranquei uma estaca de taquara da cerca da horta. Seria a minha poderosa arma! Felizmente, pela providência de Deus, quando retornei ao local a cobra não estava mais lá. Provavelmente minha história teria terminado naquele dia!
Alguns anos depois, acredito que tinha então uns dez anos de idade, estávamos trabalhando na roça, “lá no morro”, como costumávamos dizer, pois ficava muito longe de casa. Naquele dia, pedi ao meu pai para retornar mais cedo, pois precisava fazer meus temas de aula. Então pelo caminho de casa, ao procurar “ariticuns”, que também chamávamos de “fruta de china”, acabei avistando uma enorme cobra enrolada na forquilha de uma árvore. Até aquele dia eu jamais havia disparado um tiro, porém como já tinha acompanhado meu pai em muitas caçadas, decidi arquitetar um plano: Fui para casa, peguei sua espingarda, carreguei os dois canos, coloquei mais alguns cartuchos no bolso e retornei ao local. Meu coração disparou quando vi a cobra exatamente na mesma posição, mas a lógica me dizia que não podia dar errado. Então, com toda calma apoiei o cano da arma no galho de um arbusto, fiz a pontaria, apertei o gatilho e “pimba”: Um tiro certeiro! A visão daquele enorme bicho despencando pelo ar e se amontoando lá embaixo, foi uma das tantas imagens que jamais esquecerei.
Qual a grande diferença entre esses dois episódios? O primeiro ilustra a tolice da desobediência, o segundo confiança do aprendizado. É lógico que as chances não eram iguais! Porém, hoje estamos diante de uma mentalidade estranha que nos induz a acreditar que podemos experimentar todas as coisas sem sofrer as consequências. Como crianças ingênuas, brincamos com o Diabo como se fosse um ser inofensivo; olhamos para nós mesmos com tamanha soberba como se tivéssemos naturalmente um antídoto contra todos os males; encaramos o perigo como algo que somente afetará os outros; temos nos tornado irresponsáveis a tal ponto como se algum mecanismo mágico tivesse abolido a lei da causa e efeito. Onde foi que nos perdemos?
Quando Jesus veio a este mundo, a nação de Israel vivia o um dos seus piores momentos: hipocrisia religiosa, injustiça social, doenças terríveis, possessões demoníacas de toda ordem. Qual a causa de tamanha miséria física, moral e espiritual? Afastados de Deus, eles haviam perdido a noção da própria identidade. Ora, já não sabendo quem eram, como podiam discernir seus inimigos? Que armas iriam usar? Mas então Jesus entrou em ação e, sacudindo aquela sociedade desorientada, trouxe cura, libertação e expôs publicamente o inimigo. Porém, apesar da grandiosidade das Suas obras, o grande alvo de Jesus era lembrar-lhes que precisavam recuperar sua condição de filhos de Deus. Por isso, quando os discípulos voltaram a Jesus maravilhados com as obras que podiam realizar em Seu nome, receberam uma solene advertência: “Eu via Satanás caindo do céu como um relâmpago. Eis aí vos dei autoridade para pisardes serpentes e escorpiões e sobre todo poder do inimigo, e nada, absolutamente nada, vos causará dano. Não obstante, alegrai-vos, não porque os espíritos se vos submetem, e sim porque o vosso nome está arrolado nos céus” – Lucas 10.18-20.
Prezado leitor: Em quem, ou em que você tem colocado a sua confiança? Saiba que por mais suficiente que você se sinta, somente a condição de filho de Deus lhe dará a plena segurança; somente as armas do pai lhe darão a verdadeira vitória.
JESUS, A OPÇÃO DA VIDA!