Por: Pr. Armando Castoldi
Aprendíamos já nos primeiros anos de escola, que a família é a “célula mater” da sociedade. Não era um conceito religioso. Era a constatação lógica, milenar, inquestionável baseada numa realidade evidente. Somente um ser alienado poderia discordar dessa premissa. Por isso, o nosso Código Penal criminalizava a sedução, o adultério. Por isso nosso Código Civil rejeitava o divórcio e o novo casamento. Naqueles bons tempos, o interesse coletivo se sobrepunha ao particular. O indivíduo tinha seus direitos limitados em defesa do bem maior. Para considerar-se um membro efetivo da sociedade, o cidadão precisava ter uma conduta honesta e altruísta.
Infelizmente hoje, os direitos individuais se sobrepõem ao bem comum e o indivíduo é colocado num lugar mais alto do que os interesses da sociedade a que pertence. O resultado dessa inversão, é que todos correm atrás dos seus direitos, mas já quase ninguém pergunta pelos seus deveres. As culpas que recaíam sobre os indivíduos, recaem agora sobre a sociedade. Mas quem responde pela sociedade? Onde estão os culpados pelos escândalos financeiros? Onde estão os culpados pela má gestão pública? Onde estão os culpados pela destruição dos valores morais? Onde estão os culpados pela proliferação das drogas? Onde estão os culpados pela má qualidade da educação? Onde estão os culpados pela destruição do meio ambiente?
O pior de tudo é que ainda que os verdadeiros culpados sejam eventualmente encontrados, dificilmente serão punidos, pois sempre haverá alguma excludente, alguma atenuante, alguma justificativa qualquer que impedirá a punição, afinal, nossos legisladores, nossos juristas, nossos educadores, nossos filósofos sociais têm se tornado especialistas em transformar réus em vítimas.
Esse estado de coisas muito além de fazer ruir todas as estruturas, faz emergir uma geração extremamente egoísta, imediatista, fragilizada emocionalmente; uma geração incapaz de dominar seus impulsos, incapaz de fazer qualquer renúncia; uma geração despreparada para o sofrimento, incapaz de assumir compromissos, incapaz de se relacionar com profundidade; uma geração refém de um narcisismo diabólico, que a faz amar unicamente a si mesma e desconfiar de tudo e de todos. Isso explica a insegurança que permeia todas as áreas da nossa vida. Mas, como não tenho espaço para falar de tudo isso, quero voltar ao ponto inicial, pois nesse triste estado de coisas, a grande vítima é a família.
Na semana passada, enquanto fazia algumas tarefas rotineiras, compartilhava o espaço na sala da minha casa com quatro rapazes, quase da mesma idade, que animadamente disputavam um jogo on-line. De repente, ao passar meu olhar sobre eles, percebi que eu estava vivenciando um momento importante, pois eu podia ver ao vivo e a cores, aquilo que talvez seja o estágio final de uma transição que tem tudo para ser um dos últimos capítulos da aventura humana sobre a face da Terra. Mesmo se comunicando pelas telas dos seus computadores portáteis, havia um forte elo que unia aqueles quatro rapazes dos quais dois eram meus filhos: Eles eram primos! Eu não só pensei, mas disse a eles: Espero que vocês não sejam a última geração a partilhar dessa singular experiência.
Prezado leitor: A questão é que desestabilizada pela falta de critérios, a humanidade acabará sendo engolida por uma interminável corrente de medo. Medo de revelar a verdadeira identidade, medo de fazer amigos, medo do mundo, medo da vida, medo de casar, medo de ter filhos. E assim, acuados, egoístas e solitários, os humanos do amanhã, terão que assistir uma lenta, feia e agonizante morte da própria humanidade, tudo por que hoje, um sistema suicida, decidiu exaltar o eu em detrimento do nós.
JESUS, A OPÇÃO DA VIDA!
"E, por se multiplicar a iniquidade, o amor se esfriará de quase todos". (Mateus 24.12)