CONVÉM QUE ELE CRESÇA E QUE EU DIMINUA
Nesta manhã de terça feira vim cedo para a Igreja, a fim de trazer uma palavra devocional para um grupo de alunos que Seminário Teológico de Gramado, que estão aqui nesta semana, juntando-se aos jovens da nossa Igreja, para um trabalho em algumas escolas da nossa cidade. Quando eles foram, eu fique em meu escritório, e comecei a vasculhar alguns arquivos mais antigos, onde estão os esboços dos sermões que já preguei ao longo do meu ministério. Sempre que percorro esses caminhos já trilhados, fico impressionado com a riqueza das mensagens que Deus foi me dando ao longo desses anos todos. Nesses momentos é inevitável deixar de admitir que a passagem do tempo deixou marcas em mim e que as minhas forças já não são as mesmas. Mesmo num ofício bem diferente, já me vejo como aquele jogador de futebol, que não conseguindo mais correr tanto, enfeita menos as jogadas e vai aprendendo a usar os atalhos do campo.
Isso é bom? Isso é ruim? Depende da perspectiva através qual olhamos a nossa vida. Mas sim, devo admitir que é uma sensação estranha perceber que aos poucos vamos envelhecendo e que precisamos aprender a “tirar o nosso time de campo” a fim de abrir o caminho para que outros continuem o trabalho. Ao refletir sobre isso, como que uma leve brisa de contentamento soprou sobre mim, porque tanto esses seminaristas, que são fruto do ministério de uma instituição na qual eu mesmo me formei na década de l980 e de cuja liderança eu faço parte há muitos anos, assim como os jovens da minha Igreja, representam hoje para mim, a graça de poder me dar ao luxo de ficar às vezes, apenas na retaguarda. E então, não pude deixar de pensar em João Batista.
Quem foi João Batista? João Batista foi aquele que pavimentou o caminho para a revelação de Jesus, o Messias. Ele foi na frente, com uma mensagem contundente de arrependimento, para amolecer os corações a fim de que recebessem o Reino de Deus. E logo que Jesus foi crescendo em seu ministério, João Batista foi se retirando. Um dia, os seus discípulos ficaram preocupados ao perceber esse movimento e, ao questioná-lo, ele simplesmente respondeu: “O que tem a noiva é o noivo; o amigo do noivo que está presente e o ouve, muito se regozija por causa da voz do noivo. Pois esta alegria já se cumpriu em mim. Convém que ele cresça e que eu diminua” – (João 3.29-30). João Batista tinha uma missão, Jesus tinha outra. Essas missões estavam conectadas, porém em outro caráter, e em outro tempo. Não havia perdas, somente ganhos!
Prezado leitor: Às vezes, ainda eu tenho a tentação de avançar além do sinal e continuar abraçando tudo, como um dia já fiz, mas não posso ignorar o meu tempo, o tempo daqueles que então comigo e, especialmente o tempo de Deus. Se João Batista pensasse unicamente em si mesmo, certamente ele teria boas razões para ver-se como quem estivesse fracassando, mas não foi assim que ele olhou os fatos. Por isso, ele não apenas cumpriu plenamente o seu próprio papel, mas também se tornou o modelo de todos aqueles que querem servir a Jesus: diminuir para Ele cresça! Em todos os sentidos, e em todas as dimensões.
JESUS, A OPÇÃO DA VIDA!
