Há algum tempo atrás recebemos a visita de uma pessoa muito simpática. Ela nos deixou impressionados com a forma polida como nos tratava e do modo como repetidamente encontrava algum motivo para nos elogiar.   Como essa pessoa não era convertida, ficamos felizes, pois é gratificante quando como cristãos, podemos causar esse impacto positivo na vida de outros. Porém depois percebemos que ela agia do mesmo modo também com as outras pessoas. Esse fato me levou inevitavelmente a refletir sobre sua atitude. Será que essa pessoa só via o lado positivo das coisas? Seria esse o seu jeito natural de ser ou apenas uma espécie de comportamento padrão que por alguma conveniência decidiu adotar? E, ainda ousei me perguntar mais: Será que ela agia assim também dentro da sua própria casa? Será que ela tratava tão bem as pessoas do seu círculo mais íntimo? Sabemos de muitos “bico doces” que andam se exibindo por aí, mas que dentro de suas casas só destilam veneno.

De qualquer forma, o elogio é fundamental à nossa saúde emocional.  Eu que lido com restauração de vidas, sei muito bem que as grandes feridas da alma na maioria das vezes têm sua origem numa auto-estima destruída pela crítica e falta de valorização: “Palavras agradáveis são como favo de mel: doces para a alma e medicina para o corpo” – Provérbios 16.24. Mas quando o elogio é falso? E quanto o elogio acaba reforçando o erro? E quanto o elogio esconde os verdadeiros motivos? Será que nessas condições ainda assim é construtivo? A Palavra de Deus sempre apresenta o contraponto. E, o contraponto ao elogio é a verdade. Então, assim como a Bíblia revela o poder terapêutico do elogio, revela também o poder terapêutico da verdade: “Melhor é a repreensão franca do que o amor encoberto. Leais são as feridas feitas pelo que ama, porém os beijos do que odeia são enganosos” – Provérbios 27.5-6. 

Há algo errado na pessoa que somente elogia e há algo errado na pessoa que somente condena. Se eu for um acusador sistemático, ninguém me dará crédito, mas se eu usar o elogio apenas para me tornar aceito ou para inflar o ego dos outros, serei hipócrita e me tornarei cúmplice dos seus pecados. O amor é o equilíbrio de tudo, pois o amor não deixará de elogiar também não deixará de advertir. O amor sempre andará de mãos dadas com a verdade, pois o amor traz o compromisso de tornar o outro melhor.

De tempos em tempos a humanidade vai perdendo suas referências e neste tempo, nossa sociedade tem se tornado tanto polida quanto falsa. Não foram somente os valores que se perderam, mas também o próprio significado das palavras. Mesmo quando fartamente elogiados, dificilmente nos sentimos supridos, pois sabemos muito bem que a contradição que está em nós provavelmente também esteja naquele que nos elogia.  Por isso, mesmo desejando honestamente fazer o bem uns aos outros, estamos trilhando o caminho inverso e nos tornando seres cada vez mais desconfiados, inseguros e solitários: “O salário do pecado é a morte” – Romanos 6.23

Prezado leitor: Até que ponto esse comportamento afeta a nossa compreensão de Deus? Que espécie de divindade esse pensamento projeta em nossa mente?   Pense: Você gostaria de crer num “deus” que somente o elogiasse? Como seria o caráter de um  “deus” que aceita qualquer conduta? Você se sentiria seguro seguindo um “deus” sem critérios?  Você daria crédito a um “deus” que já não fala do pecado? É claro que seria fantástico se Deus pudesse olhar para o mundo de hoje e repetir as mesmas palavras ditas lá no ínicio: “Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom” – Gênesis 6.31. Porém, se infelizmente o mundo já não é assim, felizmente o amor de Deus não mudou. Podemos retomar o caminho da vida, podemos ser restaurados. Jesus disse: “Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” – João 8.31-32.