O Cristianismo surgiu como cumprimento das promessas feitas à nação de Israel, de que Deus enviaria o Messias. O caminho para a manifestação do salvador, começaria pela revelação da lei, sintetizada nos “Dez Mandamentos”, e complementada por uma série de ordenanças que regulamentavam a vida social, moral e religiosa da nação. Entretanto, a lei foi dada não como um fim em si mesma, e sim como um instrumento pedagógico que nos levaria à compreensão da natureza de Deus e da nossa própria natureza, para que, através desse entendimento, compreendêssemos de fato o quanto somos necessitados do perdão e da graça de Deus.
A lei traz um apelo muito claro: “Vós sereis santos, porque eu sou santo” (Levítico 11.45). Mas a questão é: Nós conseguimos ser santos? Não, nós não conseguimos, porque quando nos deparamos com o padrão da lei e com o nosso próprio coração, não temos outra alternativa, que não admitir a nossa incapacidade. Essa é a grande pedagogia da lei e o sentido da lei, dentro do plano maior da revelação de Deus. Se entendemos isso, tudo se abre em nossa mente: “De maneira que a lei nos serviu de aio [pedagogo) para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé” (Gálatas 3.24). Ora, é somente diante da revelação de quem nós somos diante de Deus, que a morte expiatória de Cristo faz sentido, porque então entendemos que o Seu sacrifício nos leva para um lugar que jamais podíamos alcançar por nossas próprias forças.
O grande problema que vemos hoje na pregação do Evangelho, é que cedemos ao espírito do mundo e anunciamos uma graça desconectada da lei, que oculta a verdade sobre Deus e sobre nós mesmos. Como podemos reconhecer as nossas feiuras se nunca nos olhamos no espelho? Como iremos sondar o nosso coração se não temos um conhecimento mínimo daquilo que Deus espera de nós? Como nos sentiremos necessitados do sacrifício de Jesus se não nos reconhecermos como pecadores? Por isso que muitas vezes, ao invés de nos quebrantarmos diante de Deus pelo peso dos nossos pecados, vemos a graça como um aval para pecar e como um álibi para nos esquivarmos do amor e das boas obras. Pensando então haver encontrado a graça, apenas colocamos remendo de pano novo em veste velha, piorando o nosso estado.
Se o Evangelho implica em nascer de novo; se o Evangelho implica em ser transportado do reino das trevas para o reino da luz; se o Evangelho implica em transformação do coração, não há como fugir da necessidade de que em algum momento, precisaremos ter ouvido a mesma voz que Moisés ouviu: “Não te cheques para cá; tira a sandália dos pés, porque o lugar em que estás é terra santa” - (Êxodo 3.5). Essa revelação nada tem a ver com autodepreciação ou com a rejeição de Deus. Ao contrário, esse entendimento da nossa condição diante da lei é o caminho traçado por Deus, para compreendermos o quanto Ele nos ama e o quanto foi necessário que Cristo morresse na cruz em nosso lugar.
Prezado leitor: Sei que este não é um discurso atraente num mundo viciados em inflar egos e alimentar vaidades. Mas, este é o Evangelho da graça, onde a cruz precede a glória e a humildade precede a honra.
JESUS, A OPÇÃO DA VIDA!