De tempos em tempos alguém entra em sua vida, cuja história, comportamento e palavras mostram de modo claro a condição humana contemporânea. Vemos uma imagem clara como uma fotografia do estado do mundo pós-moderno.
Algumas semanas atrás, um rapaz que eu não conhecia e havia tido diversos problemas com drogas, por intermédio de seus familiares solicitou nossa ajuda. Ele estava recomeçando sua vida, indo para um outro estado onde iria começar a trabalhar. Havia ficado um longo período no vício e após o tratamento em uma clínica evangélica de recuperação, estava preparado para dar um novo rumo à sua vida. A maior parte de sua família virou as costas para ele, mesmo após tentativas de contato, menos seus tios.
Seu rosto era abatido, olhar vago e com sinais visíveis do vício. Parecia deslocado da realidade, com um sentimento de confusão e sem muita direção com relação à vida. Apegou-se a fé em Deus de forma radical e confessava com toda convicção que foi a intervenção divina que o impediu de morrer. Agora com novos planos, seu propósito era trabalhar, recomeçar a vida, adquirir seus bens, sua casa e futuramente constituir uma família. Um grande entusiasmo havia dentro desse rapaz e ainda nas últimas conversas com ele por telefone, percebia nitidamente esse mesmo entusiasmo e ânimo. Agora de longe, oro e torço pelo seu futuro no outro estado, para que ele possa viver com dignidade e liberdade.
Enquanto escrevo esse artigo, olho para a capa de um livro chamado “O Curador Ferido” de Henri Nowen. Nele, o autor avalia com precisão a sociedade de sua época, que pouco mudou em relação as mazelas que a oprimem: solidão, vícios, angústia da alma, deslocamento da realidade. Henri questiona como os ministros e também os cristãos comuns podem exercer o ministério de forma eficaz nesse tempo. Ele encoraja a todos a ver Cristo em cada pessoa sofredora ao nosso redor, e enquanto cuidamos das nossas próprias feridas, não devemos esquecer das feridas do próximo. Afinal, quem pode tirar uma criança de uma casa em chamas sem correr o risco de ser queimado? Quem pode retirar o sofrimento de alguém, sem ao menos senti-lo um pouco?
Cada um é chamado a ser o curador ferido. Aquele que não só cuida das suas próprias feridas, mas ao mesmo tempo está preparado para curar as feridas dos outros. E a cura ocorre quando ministramos amor e compaixão, ouvimos o próximo com atenção, suprimos suas necessidades, mostramos a ele um sentido de vida. Mas acima de tudo, quando apresentamos a pessoa e obra de Jesus Cristo que veio para curar não somente o corpo, mas a alma, e trazer liberdade aos oprimidos.
PREZADO LEITOR: Ao iniciar seu ministério Jesus declarou: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para pregar o Evangelho aos pobres. Ele me enviou para proclamar a libertação dos aprisionados e a recuperação da vista aos cegos; para restituir a liberdade aos oprimidos.” - Lucas 4.18. E, foi isso que Ele fez enquanto esteve aqui nesse mundo. Agora, seus discípulos são enviados com a missão de anunciar as Boas Novas que trazem libertação, salvação, saúde e acima de tudo o perdão de pecados. Eis a nossa missão! Permita-se ser usado por Deus neste tempo.
(Pr. Gustavo Erthal)