O que vemos é tudo o que existe? O mundo visível ao nosso redor é a expressão completa da realidade? Nosso mundo transmite rumores de um outro mundo? Infelizmente uma abordagem materialista e reducionista, onde as coisas são apenas matéria e energia, não dão espaço a um mundo invisível. Obviamente, Deus não pode ser examinado ou testado, quantificado ou reduzido e, com isso, muitos em nossa sociedade seguem com a ideia de que Deus não deve existir. A grande questão é:  Que significado tem a fé religiosa em mundo pós-moderno, com tecnologia para ir até outros planetas; que explica a natureza de tantas coisas e que a cada dia rompe as fronteiras do conhecimento?

A Bíblia nos apresenta um ser humano com um profundo anseio pela eternidade, disse o autor de Eclesiastes. Os desejos naturais que existem em nós, são indicações de um mundo além do que vemos e percebemos, ou como disse C.S. Lewis, “ecos antecipados de um som eterno”. Deus, o Criador da matéria, concessor de boas dádivas, colocou em nós a capacidade de desfrutar, sentir e apreciar sua criação. Cada vez que leio um bom livro, aprecio uma pintura, contemplo um animal, degusto uma boa comida, ouço uma música, estou tendo uma experiência que aponta para alguém maior e que transcende a tudo isso: o Deus Soberano! É como uma noiva que recebe um anel de noivado do noivo. Será que ela concluiria: “O anel é suficiente e não preciso mais ver o noivo?” Não! A aliança é apenas uma lembrança do amado, uma dádiva dele, mas o que ela quer, é a sua companhia.

Da mesma forma, tudo que vemos ao nosso redor, cada sentido que possuímos, é na verdade um prenúncio, uma antecipação da alegria maior e da felicidade eterna. Quando partimos da perspectiva que existe um Criador, as coisas começam a tomar sentido. Problemas cruciais como desemprego, doenças, morte de um ente querido, rebeldia de um filho, até o propósito da minha vida, e para onde vou após a morte, começam a vir à tona sob uma nova compreensão. A fé deixa de ser um amuleto ou teoria e se torna um relacionamento. Entendo que as minhas ações, a forma como eu trato meu próximo, como lido com meu dinheiro, o meu corpo e o meu tempo são relevantes, e refletem não só aqui, mas também na eternidade.

Temos um exemplo do apóstolo Paulo! Ele via duas imagens de si mesmo. Uma, ele podia ver no espelho: insônia, surras, prisões e um rosto magro e cansado. A outra, ele não podia ver tão claramente, mas a percebia tão real como o ar que respirava: era um interior renovado, revigorado e cada vez mais saudável e completo, moldado pelas adversidades.

Sim, a fé em outro mundo nos faz ver sob uma nova ótica todas as coisas. Nos leva a confiar no amor e fidelidade de Deus e em suas poderosas promessas. Crer não elimina as coisas ruins que nos podem acontecer, mas traz a elas sentido e uma esperança, que no final, Deus compensará todo mal e usará tudo para nosso bem.

 “Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas.” (Filipenses 3.20-21)

(Pr.Gustavo Erthal)