No último domingo levei uma mensagem à Igreja, abordando a conexão da última ceia com alguns fatos e diálogos paralelos. Mesmo já convivendo diariamente com Jesus durante pouco mais de três anos, os discípulos ainda não haviam compreendido claramente a quem de fato estavam seguindo e, ainda estavam muito longe de compreenderem a si mesmos: “E, enquanto comiam, declarou Jesus: Em verdade vos digo que um dentre vós me trairá. E eles, muitíssimo contristados, começaram um por um a perguntar-lhe: Porventura, sou eu, Senhor?” (Mateus 26.21-22). Talvez movidos exatamente por essa questão, é revelador o que aconteceu em seguida: “Suscitaram também entre si uma discussão sobre qual deles parecia ser o maior” (Lucas 22.24).
É quase inacreditável, que diante da gravidade das palavras de Jesus e da crueza com que Ele acabara de ilustrar sua própria morte, eles estivessem ocupados em discutir sobre qual deles parecia ser o maior. Entretanto, assim é a natureza humana, que normalmente nos trai nas circunstâncias mais improváveis. É impressionante também perceber o quanto o próprio apóstolo Pedro estava equivocado na percepção de si mesmo: “Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como trigo! Eu, porém, roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; tu, pois, quando te converteres, fortalece os teus irmãos. Ele, porém, respondeu: Senhor, estou pronto para ir contigo, tanto para a prisão como para a morte. Mas Jesus lhe disse: Afirmo-te, Pedro, que, hoje, três vezes negarás que me conheces, antes que o galo cante” (Lucas 22.31-34). E Jesus disse mais: “esta noite, todos vós vos escandalizareis comigo; porque está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas serão dispersas. Mas, depois da minha ressurreição, irei adiante de vós para a Galileia” (Mateus 26.32).
Sim, tudo aconteceu exatamente como Jesus havia predito. A natureza do coração deles, incluindo o próprio Judas - que infelizmente sucumbiu ao peso do seu remorso, naquela mesma noite ficaria flagrantemente exposta. Mas, por graça de Deus, as suas histórias, exceto a de Judas, não terminaria ali. Então, exatamente como prometera, no amanhecer de um dia calmo, às margens do Mar da Galileia, a começar por aquele que negara Jesus três vezes, os discípulos receberam uma nova chance: “Pela terceira vez Jesus lhe perguntou: Simão, filho de João, tu me amas? E respondeu-lhe: Senhor, tu sabes todas as coisas, tu sabes que eu te amo. Jesus lhe disse: Apascenta as minhas ovelhas” (João 21. 17). Dias depois, desceria sobre eles o Espírito Santo e então, cheios de poder, a começar por Jerusalém, sairiam pelo mundo a anunciar o Evangelho do Reino de Deus. Exceto João, que morreu já velho e em exílio na Ilha de Patmos, relata a História que todos levaram seu testemunho ao extremo, se tornando mártires em nome de Cristo. Sua velha natureza, nunca mais os haveria de trair!
Prezado leitor: A proposta essencial do Evangelho é transformar uma natureza que, corrompida pelo pecado, está por si mesma fadada a fracassar: “Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” (João 3.3).
JESUS, A OPÇÃO DA VIDA!