Todos sabemos que a passagem do tempo parece relativa. Quando estamos entediados, ele é lento, mas passa ligeiro quando estamos animados e, é denso quando bem aproveitado. O filósofo Louis Lavelle notou que o tempo da criança parece mais longo, com muitas coisas acontecendo a cada dia, de modo que os dez anos iniciais da vida dão a impressão de terem durado muito mais do que os dez anos que passaram dos trinta aos quarenta, por exemplo. Isso ocorre porque a infância é um período de frequentes novidades, de florescente curiosidade, de intensa sede de aproveitar ao máximo cada coisa. A qualidade desse tempo é medida pela segurança misturada à novidade. A mesmice, a insegurança e o fechamento das possibilidades futuras, conforme envelhecemos, conduzem a uma impressão de que o tempo se acelera. O mesmo parece ocorrer no nível da sociedade.
Não é incomum ouvirmos de cada vez mais gente, e também de gente cada vez mais jovem, que o tempo está com um “pé fincado no acelerador”. Novidades explosivas, que contaminam a todos, vêm num dia e vão embora no outro. O filósofo Lipovetsky atribuiu essa velocidade a dois fatores: as tecnologias de informação, com seus smartphones e as trocas imediatas de mensagens e notícias, e a secularização da sociedade, que abandonou o cristianismo e, com isso, uma perspectiva de sentido: sem Deus, o que há lá na frente, no Amanhã? A cultura, hoje, trabalha sem uma resposta para isso. Carentes de propósito, caímos, então, num vórtice de repetições instantâneas e compulsivas dos mesmos rituais online, cada vez mais entediantes, e olhamos para o futuro sem nenhuma expectativa: lá na frente só avistamos sombras e indefinições. Ninguém sabe quando será a próxima pandemia, a próxima guerra e se ela será global ou atômica, se o regime chinês vai ou não engolir o Ocidente… Tudo é incerto e pessimista! É um futuro do qual queremos fugir, mas em direção do qual somos obrigados a ir. E justamente por ser um futuro opaco, sem boas expectativas de novidade e sem boas esperanças, ele vem à galope, cada vez mais rápido; virulento como boatos nas redes sociais, e voraz como a Peste.
Caro leitor: A expressão de Apocalipse 20.12, “eis que cedo venho”, sempre alimentou a expectativa dos cristãos pela Volta de Jesus. Quem vê no horizonte a Nova Jerusalém, o Céu, o Trono de Deus, quer que o tempo passe logo, que o tempo termine para que a Eternidade comece. O tempo rápido em direção ao Paraíso é o Tempo Bom. Mas se as pessoas perdem de perspectiva que Deus é Senhor e Criador e que Cristo logo vem, o que pensam que chegará no findar dos dias? Se não há luz, mas névoa no “fim do túnel”, é Tempo Mau e motivo de pavor. Esse tempo, apressado e indiferente, chega engolindo as terras e as vidas, levando tudo ao Vazio. O Tempo veloz sem a Cidade Santa no horizonte é, sempre, o Tempo do Abismo, pois com ele o que chega mais rápido é apenas a Morte. Vale a pena viver assim? Em Cristo, seguro da salvação, seu tempo pode ser de paz e de bom proveito, pois n’Ele, você não precisará ficar ansioso com o dia de amanhã (Mateus 6:34).
JESUS, A OPÇÃO DA VIDA!