Outro dia, vi um adesivo em um carro, com a seguinte frase, que no caso era atribuída a Raul Seixas: “Faça tudo o que tu queres; há de ser tudo da lei”. A autoria não é dele, mas define um pressuposto filosófico-religioso do qual ele era adepto, chamado “Thelema”, adotado por algumas organizações ocultistas, que foi desenvolvido no início do século 20 por Aleister Crowley, um escritor inglês e mago cerimonial.
A palavra “Thelema” tem origem na língua grega e significa vontade ou desejo. No contexto referido, ela carrega o sentido da licitude de tudo aquilo que a nossa alma deseja. “Thelema”, é o “espírito” da religião da Nova Era, onde a vontade humana se torna absolutamente autônoma. Da perspectiva do “Thelema”, não existe lei a não ser a própria vontade. Raul Seixas de fato pregou esse estilo de vida em sua música Sociedade Alternativa: “Viva a sociedade alternativa! Se eu quero e você quer, tomar banho de chapéu; ou esperar Papai Noel; ou discutir Carlos Gardel; então vá: Faça o que tu queres pois é tudo da lei”.
Mas na prática, será tão simples? Decretar a autonomia da nossa vontade pode parecer uma equação simples, no entanto, você não encontrará uma pessoa sequer, que consiga ser de fato autônoma. Assim é a religião thelêmica, pois em paralelo à apregoada soberania da vontade humana, ela possuiu um panteão de deuses que invoca, serve e segue. Não há neutralidade no mundo espiritual, por isso essa pretensa independência não passa de uma falácia, e quem dela tenta se apropriar, provará o gosto amargo do seu engano, como aconteceu com o próprio Raul Seixas.
Não quero julgar a intenção da pessoa que colocou esse adesivo em seu carro. Talvez seja somente uma frase de efeito que ela achou interessante, ou viu nela a simples expressão de um estilo de vida com o qual se identifica. Entretanto, estou trazendo essa reflexão, pois há de fato em todos nós uma sede de autonomia; um impulso muito forte de fazer aquilo que manda o nosso coração, sendo potencializado por uma resistência intrínseca à nossa submissão a Deus. Por isso é exatamente ali, no nosso ponto mais fraco; exatamente ali, no centro dos nossos desejos, que ousando proclamar a nossa independência, acabamos dando abertura ao mundo das trevas. Ora, insinuar que nossa vontade apontará sempre para aquilo que é lícito e que a prática daquilo que nos “der na telha”, haverá de “ser da lei”, lembra o trágico diálogo que se travou no jardim do Éden: “Então, disse a serpente à mulher: É certo que não morrereis” (Gn.3.4).
Prezado leitor: Não, você não pode fazer aquilo que bem entende, pensando que “há de ser tudo da lei”. A vida não é assim! Contudo, há de fato leis que operam por trás de tudo quanto fazemos: leis que conduzem à vida e leis que conduzem à morte. E sobre isso, a Palavra de Deus é muito clara: “Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois tudo aquilo que o homem semear, isso também ceifará, porque o que semeia para a sua própria carne da carne colherá corrupção; mas o que semeia para o Espírito do Espírito colherá vida eterna” (Gálatas 6.7-8).
JESUS, A OPÇÃO DA VIDA!