Sei que eram outros tempos, mas eu cresci num mundo onde uma arma de fogo era apenas mais um dos tantos utensílios indispensáveis. Um chefe de família deveria ter uma arma por muitos motivos óbvios, entre eles a necessidade de proteger a sua casa. Assim, quando eu completei doze anos, como presente de aniversário meu pai me permitiu descarregar seu revólver. Não simplesmente tirar as balas do tambor, mas descarregar mesmo, com a única condição de que eu atirasse para o ar.
Logo em seguida também me permitia caçar com a espingarda, contanto que eu não me afastasse além de determinada distância da casa. O mundo da época era assim! Ora, a comunidade de Lajeadinho não era lá esse reduto de anjinhos. Haviam lá homens bem valentes, desses que não levam desaforo prá casa, entretanto, nunca houve um homicídio sequer na história da localidade. Haviam valores que regiam as condutas, e por maiores que fossem as desavenças, seria a última das hipóteses que elas se resolvessem com o custo da vida. O máximo que acontecia era uma espécie de guerra fria, onde ambas as partes sabiam que mesmo sendo inimigas, era melhor se respeitarem.
Depois me tornei Oficial de Justiça e então, uma das primeiras coisas que fiz, foi adquirir um bom revólver. Assim, andei armado por vários anos, até que um dia, já convertido a Cristo, depois de um episódio onde quase precisei usá-lo, tive um “insight” que acabou me levando a uma decisão radical. Pensei: No dia que eu precisar sacar o revólver, só terei duas alternativas: matar ou ser morto. Como nenhuma dessas alternativas me pareceu interessante, decidi me armar apenas com a sabedoria e a proteção de Deus. Não digo que não passei por situações bem difíceis, mas em todas elas pude de fato provar a Sua fidelidade.
Sendo assim, conheço os dois lados da moeda e me sinto autorizado a falar sobre o assunto. Ora, mesmo tendo tomado essa decisão, sou favorável à posse de armas de fogo e também ao porte, em situações especiais. Alguém poderá abdicar do direito à legítima defesa própria ou de terceiros, porém isso deve ser uma decisão pessoal e não uma imposição, especialmente quando o Estado não exerce a sua função de proteger os cidadãos. Ora, as armas sempre existiram e sempre existirão, senão legalmente, ilegalmente. Se legalmente, o Estado poderá ao menos exercer algum controle; se ilegalmente, elas acabarão sempre em mãos erradas.
E quantos aos massacres que já começam acontecer também em nossa nação? Bem, daí o assunto é mais complexo: daí teremos que falar sobre o afastamento de Deus; daí teremos que falar sobre a derrocada de valores; daí teremos que falar sobre a falência da educação; daí teremos que falar sobre a desestruturação das famílias; daí teremos que falar sobre televisão, mídias sociais, literatura, drogas; daí teremos que falar sobre o abandono afetivo e vazio existencial. E daí então, teremos que falar da falta de amor, de cuidado, de vigilância, de disciplina, de limites, e finalmente, teremos que falar do bem e do mal e de quem de fato está por trás de um e de outro, porque nesse contexto caótico, as armas são apenas o último detalhe.
JESUS, A OPÇÃO DA VIDA!