Há muitos anos nos acompanha um conjunto de cadeiras dobráveis, de madeira de lei, com assentos de tecido originalmente de algodão e depois substituídos por tecido sintético. Por serem muito resistentes, acabavam ficando na varanda e muitas vezes no pátio ao ar livre, expostas ao sol, sereno e chuva.
Evidente que por mais resistentes que eram, aos poucos foram ficando feias e começando a apresentar sinais de deterioração. Ultimamente, quando os assentos começaram a rasgar, foram sendo deixadas de lado e por fim terminaram amontadas num canto, no porão. Apenas ocupando espaço inutilmente, pensei em me livrar delas. Daí, minha esposa lembrou-me que elas nos foram presentadas pelos seus pais e que minha sogra ficaria triste se as jogássemos fora.
Então, no início de dezembro levei-as a um marceneiro para consertos e pintura da madeira e também mandei confeccionar novos assentos. Pouco antes do Natal, estavam de volta em casa. Pareciam sorrir de contentes! Ficaram como novas. Agora, certamente melhor cuidadas, irão permanecer conosco muitos anos ainda. Claro, isso não se trata de algo fora do comum e acontece com qualquer objeto que passa por uma restauração. Mas vivemos na era do descartável, e a primeira coisa que nos passa à cabeça quando algo se estraga, é jogar fora e comprar novo. Nada de extraordinário, em se tratando de coisas materiais!
Contudo, isso me levou a refletir sobre um mecanismo psicológico que age em nós - que na verdade nada mais é do que a expressão do nosso egoísmo, de não dispensarmos o devido cuidado àquilo que nos parece estar seguro. Assim, confiamos no amor de Deus, mas não dedicamos o cuidado suficiente no nosso relacionamento com Ele, visto nos parece ser algo que jamais será abalado. Confiamos no amor do nosso cônjuge, mas não dedicamos o cuidado suficiente no nosso relacionamento com ele, visto que nos parece ser algo que jamais será abalado; Confiamos no amor dos nossos filhos, mas não dedicamos o cuidado suficiente no nosso relacionamento com eles, visto que nos parece ser algo que jamais será abalado. Confiamos na fidelidade dos nossos amigos ou irmãos na fé, mas não dedicamos o cuidado suficiente no nosso relacionamento com eles, visto que nos parece ser algo que jamais será abalado.
Então aos poucos, a nossa negligência vai se acentuando, até ao ponto em que o nosso olhar começa a mudar e já não vemos a beleza e o valor daquilo que nos era tão fundamental e precioso. Há um princípio inexorável que move as relações: aquilo não celebramos, mais cedo ou mais tarde, de um modo ou de outro, acabará saindo da nossa vida. Assim se vão as cadeiras, assim se vão sonhos e projetos, assim se vão dons e talentos, assim se vão as pessoas e, por essa via, até mesmo o Espírito Santo se afasta de nós. (1 Tessalonicenses 5.19)
Prezado leitor: O ano novo em si nada muda, mas é sempre um bom momento para refletirmos sobre as nossas atitudes. Se algo está se desgastando em sua vida - e penso especialmente nos relacionamentos, é provável que você já esteja vendo essa pessoa, como algo que no fundo você desejaria descartar. Entenda que tudo aquilo que não é devidamente cuidado, se deteriora e, ainda que não ficasse feio por causa da nossa negligência, se tornaria feio aos nossos olhos. Mude seu olhar! É isso que mudará suas atitudes e trará de volta o valor e a beleza àquilo que por motivos que você bem sabe, não deveria sair da sua vida!
JESUS, A OPÇÃO DA VIDA!