Dia 31 de outubro último, tivemos a comemoração dos quinhentos anos da Reforma Protestante. Então, para refrescar a memória vão algumas informações: Um monge católico alemão, chamado Martinho Lutero, lendo as Escrituras deparou-se com uma verdade que até então estava encoberta ao seu entendimento: “Porque no evangelho é revelada a justiça de Deus, uma justiça que do princípio ao fim é pela fé, como está escrito: O justo viverá pela fé”. (Romanos 1.18)
Este foi o grande argumento teológico de Lutero, uma vez que essa revelação de fato mudou sua vida, trazendo descanso a uma alma sedenta da paz com Deus. Porém houveram muitos outros motivos que tornaram possível um movimento de tão grandes proporções. Entre as forças que pressionaram a reforma podemos destacar: 1º)A relutância da Igreja Católica Romana medieval em aceitar as mudanças sugeridas internamente por outros reformadores sinceros como John Wycliffe e Jan Hus e pelos líderes dos concílios reformadores; 2º) A influência do humanismo renascentista; 3º) As mudanças geopolíticas produzidas pelo surgimento das nações-estados, que se opunham ao poderio universal do papa; 4º) A formação da classe média, que se revoltava contra os altos tributos pagos a Roma. Fixada em seu passado clássico, a Igreja romana permanecia indiferente às forças dinâmicas que estavam formando uma nova sociedade, e isso, expôs de forma inevitável a vida corrupta, sensual e imoral que a minava internamente. Lutero então, acendeu o estopim!
Como a História é dinâmica, as glórias do passado nunca são suficientes para justificar os erros do presente. O saudosismo é atraente, mas pouco resolve quando se torna apenas uma estratégia de fuga. Fui levado a pensar nisso, pois vivendo hoje no meio evangélico, entendo importante ao menos lembrar que Lutero soube discernir seu tempo e foi suficientemente corajoso para fazer diferença. Assim, diante de Deus ele está justificado pela fé, pois afinal este é o único meio de salvação, mas graças às obras que sua fé produziu, ele foi também justificado pela História. Lutero conseguiu captar a essência daquilo que está escrito em Efésios 2.8-10: “Porque pela graça sois salvos mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie. Pois somos feitura dele, criados
Por isso, passados quinhentos anos, ao falar da vida de fé de Lutero, somos obrigados a lembrar também de suas obras. A fé mudou sua vida e suas obras mudaram a mundo ocidental! Toco nessa questão, pois se a Igreja Evangélica olhar meramente para o seu passado, incorrerá no mesmo erro do catolicismo medieval. Então, se devo ressaltar a importância de Lutero, não posso ser cego aos males que hoje minam por dentro o movimento evangélico. Vejo com tristeza que quase todos os pecados que corromperam o catolicismo medieval, estão presentes em alguma medida no movimento evangélico: A idolatria das lideranças, que pouco difere do poder papal; a busca pelo poder temporal – a política sempre corrompe a fé; a voracidade econômica, que empobrece o povo para construir catedrais; a comercialização de objetos “ungidos, que pouco difere da venda de relíquias; a excessiva valorização da contribuição financeira como medida de espiritualidade, que tanto se parece com venda de indulgências.
Prezado leitor: E daí? Daí que por causa da nossa natureza corrupta, tudo o que é humano precisa de tempos em tempos de uma nova reforma. Cada geração precisará ter seus “Luteros” e cada cristão precisará ser um “Lutero” para si mesmo, se quiser efetivamente cumprir o propósito de Deus para sua vida: “E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” (Romanos 12.2)
JESUS, A OPÇÃO DA VIDA!