RESILIÊNCIA
Por: Pr. Armando Castoldi
31/05/2016
RESILIÊNCIA
Consultando um Dicionário de Língua Portuguesa editado em l974, sequer encontrei essa palavra. O termo resiliência, entretanto é um conceito cada vez mais presente nos assuntos ligados à ecologia, empreendedorismo e autoajuda, pois significa a capacidade de resistir a uma adversidade e adaptar-se positivamente frente a uma nova situação. E, foi uma imagem vívida que de tempos em tempos ressurge em minha mente, que comecei a meditar na importância que esta palavra assume em nossos dias conturbados.
Acredito que eu tinha em torno de quatro ou cinco anos de idade, foi portanto no início dos anos sessenta do século passado. Morávamos na Linha Lajeadinho e, como marca registrada do nosso lindo município de Encantado, há sempre uma bela montanha emoldurando o fundo da paisagem. Naquele tempo, como as áreas menos íngremes eram todas cultivadas, da minha casa avistava-se límpido e imponente o Morro Lajeadinho, com mais de quatrocentos metros de altitude.
Era tempo de seca, um fogo se espalhou, foi crescendo e, como um dragão insaciável foi devorando tudo o que havia pela frente. Durante vários dias, as chamas arderam incessantemente. Para os adultos era uma visão dramática, mas para nós crianças, foi um acontecimento extraordinário que absorveu inteiramente nossa atenção e povoou nossa imaginação de assombro e fantasia. Lembro especialmente do anoitecer, quando contrastando com a escuridão que ia caindo ao redor, o alto da montanha se vestia de um cintilante manto avermelhado que ofuscava o próprio brilho das estrelas. Ficávamos ali, eu e minhas irmãs, imóveis, quase que hipnotizados pelas matizes e sons que se sucediam, até que finalmente éramos chamados para dormir.
Quando tudo passou, só sobraram cinzas e os perfis esqueléticos “de um que outro” tronco que resistiu. Foi realmente um incêndio devastador. Porém às primeiras chuvas, um esguio mas imponente coqueiro jerivá despertou. Em pouco tempo suas folhas brotaram viçosas e agora com espaço e sol “a la farta” logo foi exibindo toda a sua exuberância. A imagem daquele coqueiro solitário nos acompanhou por vários anos, passando a interagir diariamente conosco lá do alto da montanha, como um guia meteorológico, denunciando ventos e prenunciando chuvas. Depois a mata foi se refazendo, eu vim para a cidade e se ele ainda está por lá, já não consigo avistá-lo. Entretanto, o vejo agora de outra forma, como o maior exemplo que carrego de uma palavra que à época nem era conhecida.
Prezado leitor: Vivemos hoje tempos muito difíceis, com mudanças tão complexas e radicais, que como um incêndio devastador, ameaça transformar tudo em cinzas e pulverizar todas as coisas boas que cultivamos. Entretanto, alguns sobreviverão e são estes que lançarão as sementes do futuro. Para mim, que sou cristão, nada vejo tão ameaçado quanto os valores que defendo. Porém sei que nem tudo está perdido e, inspirado nessa imagem, sou animado a resistir, em plena confiança no Deus que me chama à resiliência: “O justo florescerá como a palmeira, crescerá como o cedro no Líbano. Plantados na casa do Senhor, florescerão nos átrios do nosso Deus. Na velhice darão ainda frutos, serão cheios de seiva e verdor, para anunciar que o Senhor é reto. Ele é a minha rocha, e nele não há injustiça”. (Salmo 92:12-15)
JESUS, A OPÇÃO DA VIDA!