Por: Pr. Armando Castoldi
A palavra páscoa, significa “passagem”. Talvez possa parecer redundante explicar, mas a primeira páscoa tem sua origem na saída do povo de Israel do Egito. Na verdade foi último evento ou cerimonial religioso que eles realizaram na terra da escravidão. Cada família sacrificaria um cordeiro e o sangue deveria ser colocado em ambas as ombreiras das portas de suas casas, como proteção do juízo de Deus que viria naquela noite sobre as casas dos Egípcios. A carne do cordeiro seria assada e consumida completamente e, num sinal de prontidão para a partida, Deus lhes deu a seguinte ordem: “Desta maneira o comereis: lombos cingidos, sandálias nos pés e cajado na mão; comê-lo-eis às pressas; é a páscoa do Senhor” – Êxodo 12.11.
Ao falarmos sobre a páscoa é preciso dizer em primeiro lugar, que é uma celebração que somente faz sentido para aqueles que desejam mudar de vida; para aqueles que desejam libertar-se da escravidão do pecado; para aqueles que querem libertar-se da tirania de um senhor ilegítimo e colocar-se debaixo do comando de Deus.
Dito isso, é preciso olhar para trás e perguntar: Até que ponto tudo isso foi uma realidade para a nação de Israel? Por incrível que pareça, muito cedo eles desejaram retornar para o Egito e só não voltaram porque evidentemente seriam mortos. Quando chegaram então ao ponto de entrarem na prometida, a grande maioria se acovardou e, daquela geração, somente Josué e Calebe, que olharam as promessas de Deus com os olhos da fé, conseguiram colocar seus pés na terra de Canaã. Posteriormente, de tempos em tempos lá se viam eles apertados pelos inimigos que não conseguiram expulsar, até que finalmente foram vergonhosamente levados ao exílio para a Babilônia. Passados setenta anos retornaram, mesmo assim, continuaram debaixo do domínio dos persas, depois dos gregos e finalmente, nos tempos de Jesus, do domínio romano.
Onde estava o problema deles? O problema deles é que possuíam uma vontade fraca, um coração dividido. Por um lado sentiam orgulho de serem chamados povo de Deus, porém negavam-se a fazer a Sua vontade. No fundo, eles sempre desejaram viver como os demais povos. Aquilo que a Páscoa devia representar em sua forte simbologia, ou seja, uma separação urgente e definitiva da escravidão do pecado, raramente chegou aos seus corações. Por isso, a mensagem de João Batista teve três semelhanças básicas com a mensagem da primeira Páscoa: 1º)O arrependimento, como sinal de que de fato desejavam ser libertos: “Arrependei-vos porque está próximo o reino dos céus” – Mateus 3.2; 2º) O anúncio de um sacrifício redentor: “E vendo Jesus passar disse: Eis o Cordeiro de Deus” – João 1.36; 3º) O caráter de urgência da resposta: “Já está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo” – Mateus 3.10.
À vista de tudo o que aconteceu depois, a pergunta parece inevitável: Por que Deus não escolheu outro povo? É muito improvável que seria diferente. Em nossa grande maioria, temos nos tornado especialistas em dar boas desculpas. Por isso é interessante notar que da geração antiga, somente Josué e Calebe celebraram uma nova páscoa. Não haveria outra páscoa na escravidão, nem haveria outra páscoa no deserto. A festa só faria sentido novamente quando Israel estivesse com seus pés na terra prometida. Se olharmos então para o significado original da páscoa e compararmos ao caráter que ela adquiriu em nossa sociedade pretensamente cristã, não é de estranhar o nível de pobreza espiritual que nos cerca. E isso haverá de continuar enquanto insistirmos em celebrar contínuas páscoas na escravidão ou no deserto.
Prezado leitor: A boa notícia é que a mesa continua posta, com toda a sua provisão de perdão, de graça, de salvação e poder de transformação. Mas é necessário apropriar-se do sacrifício de Jesus; é necessário deixar a escravidão; é necessário tomar posse da nova vida. Sem isso, a Páscoa será uma festa para nós, mas provavelmente uma abominação para Deus.
JESUS, A OPÇÃO DA VIDA!