QUIETUDE
Por: Pr. Armando Castoldi
19/04/2016
QUIETUDE
Os últimos tempos têm sido bastante agitados em nossa vida. Então, ontem à tardinha, eu e minha esposa fomos até nosso sítio e ficamos simplesmente quietos observando o entardecer. Como nossa propriedade fica num vale e os morros são bem próximos, tudo parece mais demorado, por que o sol vai embora ainda cedo e então o dia vai escurecendo bem devagar, como num filme em câmara lenta.
Desde criança, sou fascinado por essa hora do dia. Quando minhas noites ainda não eram tomadas de tantos compromissos, esse era o momento que eu esperava ansiosamente e separava exclusivamente para mim. Depois de haver feito minhas tarefas rotineiras de um final de dia na roça, eu me deitava na grama do potreiro e ficava esperando silente o céu se encher de estrelas.
Nesse vagarosos minutos que mais pareciam horas, meus ouvidos se deliciavam com as doces melodias em “piano piano”, executadas por uma magistral orquestra composta de homens e bichos, que se extendia num “ad infintum”, onde os sons da natureza finalmente prevaleciam absolutos, por que o homem, então, iria dormir.
Eu sempre tive uma natureza bastante agitada. Meu temperamento é predominantemente colérico com ingredientes de melancólico. Um temperamento sem dúvida rico, mas muito difícil de administrar e muitas vezes perigoso para quem está perto. Quando criança, talvez inconscientemente usava esses momentos como uma válvula de escape, como um mecanismo de defesa para aquietar meu rebuliço interior. Depois, vivendo na cidade, já na juventude, passei por um período bastante conturbado e, foi encontrando o Jesus vivo das Escrituras, que encontrei novamente a paz interior.
Dito isso, fica claro que que não é somente vivendo no interior que podemos ter paz. Ao contrário, a paz deve ser possível em qualquer circunstância, porém, a vida contemporânea violentou o mundo e nos encheu de tanto ativismo, de tantos barulhos, de tantas luzes, que já sequer percebemos os ritmos da natureza e acabamos todos sendo absorvidos por essa corrida maluca, onde a própria voz de Deus fica abafada é nós já não conseguimos dormir. Nossa própria forma de culto às vezes revela esse descompasso existencial.
Ora, por mais que queiramos fugir da realidade, nós fomos criados por Deus e feitos à sua imagem e semelhança. E fomos criados no meio de árvores, das flores, dos frutos e dos bichos e colocados debaixo de um céu, que a cada noite se enche de luzes distantes, para que as nossas luzes mais próximas sejam apagadas e que, à medida que um movimento tão grandioso ocorre sem a nossa intervenção, possamos aquietar nosso coração e confiar que existe um Deus que, cuidando de coisas tão grandiosas, também cuidará de nós.
Prezado leitor: Deus é o Criador. Ele não se confunde com o sol, com a lua, com as estrelas, nem com qualquer outra coisa que possamos perceber naquilo que nos cerca. Contudo, à medida que cedemos a um mundo tão agitado, assim como não percebemos mais onde, como e quando um dia começa e termina, perdemos também a capacidade de crer e de confiar no Criador: “Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus”. (Salmo 46:10)
JESUS, A OPÇÃO DA VIDA!