O PODER DA IDENTIDADE
Por: Pr. Armando Castoldi
27/11/2015
O PODER DA IDENTIDADE
O poder do povo muçulmano como um todo, não somente dos jihadistas radicais, está no seu forte senso de identidade. Independentemente daqueles que praticam o terrorismo em nome de Alá, os muçulmanos são o povo de maior índice de natalidade no mundo e a ascensão da religião islâmica é um fenômeno global inquestionável. Nenhum povo com baixa autoestima ou que desprezasse suas próprias raízes alcançou alguma projeção ao longo da História humana.
Desde criança ouvia meu pai dizer, a mim e a meus irmãos: Nunca envergonhem a nossa família, pois temos um nome honrado. Ora, ouvindo isso repetidamente, cresci com esse senso de dever que me levou de fato a procurar trazer honra, não somente ao sobrenome que eu carregava, mas ao meu próprio nome.
Procurei transmitir o mesmo conceito para os meus filhos. Não um conceito que os torne presunçosos, mas que lhes dê senso de valor e de dever. Sabendo quem são, eles procurarão cumprir seu papel e o senso de identidade fundamentado na honra será neles um bem de inestimável valor: “Mais vale o bom nome do que as muitas riquezas; e o ser estimado é melhor do que a prata e o ouro”. (Provérbios 22:1)
Quem não está chocado com as atrocidades que o radicalismo islâmico está cometendo? Evidente que eu também estou consternado, mesmo assim, me permito considerar um outro lado: Ora o fato de ver cartazes exaltando relações homoafetiva e redes sociais proporem festas de orgia como forma de protesto aos atos terroristas, deve nos levar a refletir não somente sobre a razão pelas quais nossa sociedade vive hoje tanta desonra, mas a razão da própria aversão do mundo islâmico à cultura ocidental. É bom considerar que os jihadistas não estão atacando Roma e sim Paris, porque Paris é o centro gerador da cultura secularista que varre hoje o Ocidente.
O mundo ocidental, em nome dos ideais da Revolução Francesa, vem perdendo gradativamente todas as referências. Liberdade se tornou sinônimo de libertinagem, igualdade se tornou sinônimo de relativismo e fraternidade se tornou sinônimo de assistencialismo. A Revolução Francesa, fundamentada no positivismo, provocou muitos avanços, especialmente em relação aos direitos humanos, porém a fé no homem, está levando o Ocidente a abjurar de sua origem cristã. Assim, ainda que nenhum poder externo venha dominá-la, se não houver uma urgente correção de rumo, a sociedade ocidental fatalmente ruirá, por que passou a repudiar sua própria identidade.
A fé cristã defende a liberdade sim, mas coloca sobre cada indivíduo o ônus das suas próprias escolhas; defende a igualdade, sim, mas de valor e de direitos e não a eliminação de todas as diferenças; ensina a fraternidade sim, mas como fruto do amor e não por imposição do Estado. E acima de tudo, a fé cristã fala de pecado e de culpa, porque são as noções fundamentais para que eu compreenda a graça de Deus e entenda que mundo somente será menos pior, quando eu me tornar melhor.
Com toda certeza o Ocidente não estaria tão impotente, se ainda preservasse a consciência clara de sua identidade. E, se a França, país símbolo daquilo que estamos nos tornando, em seu liberalismo não tivesse decaído tanto moralmente; e, se a França, em seu humanismo positivista não tivesse se afastado tanto de Deus; e, se a França, tão arrogante e xenofóbica, tivesse amado mais o imigrante; bem, talvez a história recente poderia ser outra. E engana-se quem pensa que a França ainda é forte. Ela é o retrato do Ocidente, pois foram os seus próprios filhos, que no vácuo de uma identidade que lhes desse sentido, venderam-se ao inimigo.
Prezado leitor: É certo que vivemos dias difíceis, mas por outro lado, que privilégio, perceber que depois de dois mil anos de História, o Evangelho continua sendo a única força que pode realmente transformar o homem e o mundo.
JESUS, A OPÇÃO DA VIDA!