O OUTRO LADO DA MOEDA
Por: Pr. Armando Castoldi
15/10/2015
O OUTRO LADO DA MOEDA!
Quando falo com pessoas da minha idade, que nasceram lá pela década de l950, e entramos em questões espirituais, uma queixa frequente é que naquele tempo, “tudo era considerado pecado”. Isso acabou sendo um problema para muitos dos meus contemporâneos, que vendo um Deus que nunca poderia ser agradado, se desiludiram, optando por uma religiosidade de aparência. Continuam com alguma prática cristã, pois não abandonaram sua religião de origem, porém confessam não conseguir crer de fato. Na prática, acabaram adotando uma postura sincrética, bebendo em diferentes fontes, conforme a conveniência ou onde o discurso pareceu mais coerente.
Confesso que sinto pena dessas pessoas, porque muitas deles deixam transparecer uma angústia muito grande e uma dificuldade maior ainda de mudar essa realidade. Chegaram num ponto que quanto mais tentam alguma resposta, mais confusas ficam, tendo dificuldade de aceitar o Evangelho em sua simplicidade.
Dias atrás, conversando com uma dessas pessoas, ela me perguntou o que ensinávamos em nossa Igreja. Respondi que se o seu problema residia na questão do pecado, ela teria muita dificuldade com a nossa mensagem, mas se estava buscando perdão, então ela se sentiria em casa. Bem, ela deixou a questão em aberto, mas a resposta que lhe dei me levou a refletir mais profundamente sobre a questão e me perguntar sobre o motivo que me levou a seguir um rumo diferente.
Talvez a primeira diferença esteja no fato que eu nunca tive grande dificuldade em perceber que sendo Deus o criador, não me cabia questionar suas exigências. Para mim, nunca foi uma grande dificuldade admitir a realidade do pecado na minha vida, nem aceitar que Céu e Inferno são necessidades óbvias no julgamento de seres, que assim como eu, podem fazer escolhas morais.
Foi assim que cresci, desejando o Céu, porém mesmo assim tendo grandes dúvidas se o alcançaria, porque a força do pecado quase sempre dominava sobre as minhas boas intenções. Isso era para mim um dilema muito grande, que muitas vezes me deixava arrasado e, é provável que seguindo o curso normal da vida, eu também tivesse desistido de tentar agradar a Deus. Porém à certa altura, ouvi algo que até então não havia compreendido: Que o amor de Deus era maior do que os meus pecados. Sim, foi essa perspectiva que tornou possível juntar aquilo que eu sabia com aquilo que eu ainda não sabia.
Na verdade não se tratava de abominar a ênfase sobre o pecado, como fizeram essas pessoas, mas sim conhecer o outro lado da moeda. Se na minha infância eu aprendi muito sobre a gravidade do pecado, hoje compreendo que ele é mais grave ainda, o que me torna, ao primeiro olhar de Deus, um ser irremediavelmente perdido. Porém a grande diferença é que apesar dessa minha condição, Deus ainda me ama e pagou um preço indescritivelmente grande para que eu possa ainda assim ser salvo.
Todos sabem, ao menos em nossa cultura, que Jesus morreu pelos pecados do mundo, porém é diferente quando eu compreendo que Jesus morreu pelos meus próprios pecados. Algo tão simples, mas que muitos parecem não entender. Qual a origem dessa dificuldade? Será um trauma de infância? Em relação às pessoas que me refiro, talvez sim, porém penso que o grande problema é que no fundo, não queremos que alguém aponte os nossos pecados, mesmo que esse alguém seja o próprio Deus.
Prezado leitor: O Evangelho da graça, do perdão completo, da segurança da vida eterna, do cuidado paternal de Deus, é a melhor notícia que alguém pode receber, porém essa mensagem não pode passar ao largo da questão do pecado: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados, a fim de que, da presença do Senhor, venham dias de refrigério”. (Atos 3:19-20)
JESUS, A OPÇÃO DA VIDA!