CONVERGÊNCIA
Por: Pr. Armando Castoldi
24/08/2015
Um dos episódios mais impactantes e inusitados no ministério de Jesus está relatado nos Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas, mas eu vou me deter à narrativa de Marcos: “Grande multidão o seguia, comprimindo-o. Aconteceu que certa mulher, que, havia doze anos, vinha sofrendo de uma hemorragia e muito padecera à mão de vários médicos, tendo despendido tudo quanto possuía, sem, contudo, nada aproveitar, antes, pelo contrário, indo a pior, tendo ouvido a fama de Jesus, vindo por trás dele, por entre a multidão, tocou-lhe a veste. Porque, dizia: Se eu apenas lhe tocar as vestes, ficarei curada. E logo se lhe estancou a hemorragia, e sentiu no corpo estar curada do seu flagelo. Jesus, reconhecendo imediatamente que dele saíra poder, virando-se no meio da multidão, perguntou: quem me tocou nas vestes? Responderam-lhe seus discípulos: Vês que a multidão te aperta e dizes: Quem me tocou? Ele, porém, olhava ao redor para ver quem fizera isto. Então a mulher, atemorizada e tremendo, cônscia do que nela se operara, veio, prostrou-se diante dele e declarou-lhe toda verdade. E ele lhe disse: Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz e fica livre do teu mal”. (Marcos 5.24-34)
É interessante notar que Jesus não seguia uma cartilha. Ele não trabalhava com métodos. Nada do que Ele fazia era repetitivo, como quem age através de alguma técnica aprendida. Não, Ele não precisava de nada disso, pois sendo absolutamente cheio do Espírito Santo, o poder estava nele e emanava naturalmente dele. Foi assim que se deu esse milagre: Pelo simples toque na orla das suas vestes.
Mas se há algum fator que pode ser considerado padrão na maioria dos milagres que Jesus realizou então esse fator certamente é a fé. Por trás de um milagre, normalmente encontramos alguém que creu, alguém que buscou, alguém que apostou, alguém que perseverou. Deus se agrada de quem o busca dessa forma e certamente foi por isso que após ouvir o que se passara, mesmo sabendo que o poder de cura fluíra d’Ele, Jesus fez questão de dizer à mulher que a sua fé a salvara. Mas o que se entende por fé?
Sem dúvida a busca dessa mulher foi algo fora do comum. Considerando tantos anos de sangramento, suas forças deveriam estar exauridas. Se casada, o que é provável, sua vida sexual fora completamente anulada. Pela lei, conforme Levítico 15.20-26, mulheres com esse problemas eram consideradas imundas, o que fazia dela não somente uma excluída social mas também uma “esquecida de Deus”. Mesmo assim, ela se apegava à vida com todas as suas forças. Nada a deteve, até encontrar finalmente a solução.
Ora, do ponto de vista de quem entende a fé como algo meramente humano, dificilmente encontraremos um exemplo mais contundente. Contudo, como o texto bem relata, enquanto vista unicamente como esforço próprio a fé dessa mulher, há doze anos vinha fracassando. E, a cada tentativa frustrada, sua situação ficava pior. Ora, a fé verdadeira não se confunde com poder mental, determinação ou perseverança, por que todas essas coisas, sozinhas, estão limitadas aos próprios limites de quem as pratica. Por mais que essa mulher se esforçasse, o milagre não teria acontecido sem Jesus. A fé somente se consuma na convergência da busca humana com o poder de Deus. Sei que alguém poderia argumentar: Ah, mas Jesus disse à mulher que foi sua fé que a salvou! Sim, mas eu pergunto: E quem mais poderia ter feito essa afirmação?
Prezado leitor: Antes da minha conversão, li muitos livros de autoajuda, porém todos eles me deixavam grandes interrogações: E no dia que as minhas forças acabarem, terei condições de gerar um milagre? E no dia que eu morrer, terei condições de dar a mim mesmo a vida eterna? Foi assim que abri meus olhos e, abdicando da autossuficiência entreguei minha vida a Jesus Cristo: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida.” (João 8.12).
JESUS, A OPÇÃO DA VIDA!