Cultura é aquilo que o ser humano sobrepõe ao seu mundo natural, pela razão primeira e lógica que ele é um ser social. Todos nós estamos inseridos em algum contexto, dentro do qual teremos que inevitavelmente compartilhar tudo quanto nos diz respeito. Desse fato decorre que todos os grupos, sejam quais forem as razões pelas quais decidam agregar-se, terão que se organizar, estabelecer regras de convivência e estratégias comuns de sobrevivência. Nenhuma sociedade sobrevive sem organização e nenhuma organização social se sustenta se os seus membros não contribuírem para a manutenção das estruturas criadas para oportunizar que cada um se desenvolva de maneira saudável, conciliando os interesses individuais com os interesses coletivos. Isso envolve evidentemente a necessidade de valores, crenças, comportamentos que irão delimitar as fronteiras entre aquilo que é certo e é errado; aquilo que é saudável ou destrutivo; aquilo que traz honra ou desonra; aquilo que soma ou divide. Essas convenções evidentemente não são uniformes, porém invariavelmente existem, e são tão antigas quanto o próprio ser humano. A cultura é como a argamassa que une os tijolos de uma construção. É a cultura que conecta os seres humanos e dá a estrutura, a forma, a funcionalidade e a beleza de cada civilização ou coletividade. Ora, nem se poderia falar de civilização se não houvesse no ser humano um mecanismo especial capaz de absorver e processar essas informações e adequá-lo a elas. Esse lugar dentro de cada um de nós é chamado de consciência. Desse ponto de vista, a consciência não nasce pronta. Ela é apenas esse mecanismo específico que reage quando é provocado por estímulos externos. Já na mais tenra infância uma criança começa naturalmente a perceber quando sua conduta é reprovável. E é assim que ao longo da vida ela vai extraindo mensagens do seu mundo exterior, e vai reagindo a elas, e vai firmando um comportamento. Livre para decidir, cada um se conduzirá ao seu modo, porém o padrão que as sociedades colocam, são estruturas absolutamente necessárias para que elas possam defender-se de agressões internas e externas. O indivíduo que decide destoar do todo, terá que realinhar-se ou será punido. Assim, a consciência é sempre a primeira instância jurídica, onde cada um pode comparecer para avaliar sua própria conduta. Mas quais são os mecanismos que operam na formação da consciência? São basicamente dois: Aprovação e rejeição. O senso de aprovação possui quase que infinitas formas de se manifestar, porém o senso de reprovação atua basicamente com dois sentimentos: a culpa e a vergonha. A culpa brota de um sentimento de autocondenação, já a vergonha está ligada ao senso de inadequação diante do grupo. É claro que numa consciência mal formada a culpa e a vergonha podem ser atenuadas ou superdimensionados e às vezes as próprias culturas também falham nesse sentido, porém é inegável que elas sempre estarão presentes, como dois pilares fundamentais para que o indivíduo preserve sua integridade psíquica e sua adequação social. São os sinais vermelhos da nossa consciência, sem os quais entraríamos fatalmente em rota de colisão conosco mesmos e com tudo aquilo que nos cerca. Prezado leitor: Ora, o pensamento pós-moderno está pondo abaixo todos os valores, padrões, leis, crenças e sistemas educacionais que de alguma forma possam produzir culpa ou vergonha nos indivíduos. Mas à vista dos frutos que já estamos colhendo, seria difícil imaginar para onde nos levará uma cultura que cala as próprias consciências? Particularmente, continuarei lendo a Bíblia. Ali, diante do Deus santo, muitas vezes sinto vergonha e culpa. Mas é também ali que minha consciência se realinha com Deus e com minha humanidade, e é ali que me reencontro com o Seu amor, o seu perdão e a segurança de uma salvação que ninguém poderá me tirar. (Rm. 8.26-39) JESUS, A OPÇÃO DA VIDA!