PARADOXO
Por: Pr. Armando Paulo Castoldi
20/04/2015
Paradoxo é a contradição, é o inconcebível diante de uma realidade óbvia, é aquilo que deveria ter todas as razões de ser de um jeito e no entanto é do outro. O paradoxo, por ser assim, não é encontrado no mundo da natureza física. No mundo da natureza física tudo é regido por leis fixas, ou seja, a natureza não tem surpresas, pois todos os seus fenômenos encontram sempre alguma explicação lógica. Assim, o paradoxo só existe no mundo dos humanos, no mundo da vontade, no mundo da liberdade de ser, onde tantas vezes aquilo que tinha tudo para dar certo, acaba dando errado e, ainda que mais raro, aquilo que tinha tudo para dar errado, acaba dando certo.
O paradoxo está nas pessoas. Nós somos o paradoxo. Nós somos imprevisíveis. Nós somos a nossa própria contradição. O paradoxo é resultado dessa natureza ambígua que a Bíblia chama de conhecimento do bem e do mal. O apóstolo Paulo foi talvez uma das expressões mais evidentes do paradoxo, porque sendo o grande perseguidor da Igreja, veio a tornar-se o grande apóstolo dos gentios. Entretanto, quando fala de si mesmo e dos seus conflitos interiores, veja o que ele diz: “Porque nem eu mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro, e sim o que detesto (...)Por que eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo”. (Romanos 7.15, 18).
O Rei Salomão, que temos por autor do livro de Eclesiastes, se atém quase que exclusivamente a observar as contradições do ser humano diante da vida e, sua conclusão a respeito é resumida na seguinte sentença: “Eis o que tão somente achei: que Deus fez o homem reto, mas ele se meteu em muitas astúcias”. (Eclesiastes 7.29)
Sim, temos que dar toda razão ao Rei Salomão. Uma das expressões comuns no livro de Eclesiastes é “debaixo do Céu”. O rei Salomão a usa para designar o mundo concreto, aquilo que tangível, aquilo que se pode ver, tocar, usufruir. Então, somos obrigados a concordar com ele, que debaixo do Céu, não existe nada mais perfeito que o ser humano. Deus o fez reto, ou ao menos, com todas as condições para assim o ser e, tornar um mundo já perfeito, ainda mais perfeito. Mas por que o mundo está como está? A resposta é simples: O homem procura fugir do seu paradoxo e, ao tentar fugir acaba criando uma infinidade de armadilhas onde ele mesmo um dia cairá.
Como resolver essa questão? Tanto o apóstolo Paulo quanto o Rei Salomão, tocam no ponto essencial: Precisamos, assim como todas as esferas do mundo físico, quebrar nossa independência e retomar nossa órbita ao redor d’Aquele que é a origem e que portanto também deve ser o centro da nossa existência. Ao reconhecer seu paradoxo, Paulo encontra a solução: “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus. Porque a lei do Espírito e da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte”. (Romanos 8.1-2). O Rei Salomão também nos aponta uma saída: “De tudo o que se tem ouvido, a suma é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo homem. Porque Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más”. (Eclesiastes 12.13-14).
Assim, a grande conclusão a que chegam tanto o apóstolo Paulo quanto o Rei Salomão é simples: Um ser paradoxal não está em condições de curar-se a si mesmo. Quando queremos declarar nossa independência, com ela decretamos nossa ruína; quando queremos ser sábios por nós mesmos, acabamos “nos metendo em muitas astúcias”.
Prezado leitor: Você está sobrecarregado pelas suas contradições? Você está cansado de cair nas próprias armadilhas? A Páscoa nos impregnou com a mensagem da ressurreição. Ora, exatamente por estar vivo, Jesus continua convidando: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei”. (Mateus 11.28).
JESUS, A OPÇÃO DA VIDA!