SAPOS E ESCORPIÕES
Por: Pr. Armando Castoldi
20/01/2015
Conta uma conhecida fábula, que um escorpião precisava atravessar um rio. Como não sabia nadar, foi pedir ajuda ao sapo. O sapo prontamente respondeu que não seria tolo carregar o escorpião em suas costas, sabendo que este poderia matá-lo. Então o escorpião respondeu que jamais faria isso, pois matando o sapo, ele também morreria, já que não sabia nadar. Vencido pelo argumento, o sapo cedeu ao pedido. E tudo corria bem, até que já quase chegando à outra margem do rio, o escorpião cravou seu ferrão no sapo. Já agonizante, o sapo pergunta: Por que você fez isso? Não sei, respondeu o escorpião, acho que foi por causa da minha natureza.
Uma das queixas mais comuns que ouço quando alguém compartilha problemas de relacionamento, é a irritação, a impaciência, a inconformidade com a falta de mudança do outro. Um tipo de desabafo comum seria mais ou menos assim: “Eu não entendo! Quando falamos sobre isso ele (ou ela) concorda, se arrepende, até se emociona, mas no dia seguinte parece que esqueceu tudo, faz tudo igual, como se nossa conversa nem tivesse acontecido!”
Nos últimos dias, coincidentemente, conversei com várias pessoas que, por uma razão ou outra, fizeram esse tipo de desabafo. O nó na cabeça de quem expõe o problema é o seguinte: Mas se a pessoa sabe que precisa mudar, por que não muda? Entretanto, a questão não é tão simples assim. Se perguntarmos àquele que está sendo colocado no banco dos réus sobre a razão das suas dificuldades, a resposta provavelmente seria a mesma dada pelo escorpião: “Não sei, acho que é por causa da minha natureza”. E no fundo, essa é de fato a resposta certa!
Mas aquele que se vê na figura do sapo, não se conforma. A resposta não o satisfaz. Então façamos um teste: Vamos voltar nossas atenções para ele. Vamos tentar colocar a responsabilidade sobre o sapo e veremos que ele dará um enorme salto e dirá: “Espera aí, eu sou bem diferente! O meu comportamento não é destrutivo! Eu sou até bom demais, tanto que acabo sempre fazendo o papel de vítima!”. Sim, essa pessoa tem razão, mas se lhe perguntamos por que é tão ingênua; por que sempre se deixa enganar; por que ela sempre acaba cedendo aos argumentos do escorpião, provavelmente ouviremos a mesma resposta: “Não sei, acho que é por causa da minha natureza”.
O que eu estou querendo dizer com isso? Que nós todos, não importa se estamos fazendo um papel ou outro, temos muita dificuldade para mudar nossa conduta. Claro que ser sapo e ser escorpião são coisas diferentes, mas não é isso que está em questão. A questão é nossa dificuldade de mudar e nisso não temos grandes vantagens uns sobre os outros! Eu sou fascinado pela Bíblia, pois ali está dito aquilo que não temos a coragem de dizer: “Porque Deus encerrou a todos na desobediência, a fim de usar de misericórdia para com todos” -Romanos 11.32.
Então quer dizer que sapos e escorpiões estão no mesmo nível? Sim e não! Não, por que de fato os pecados do escorpião são muito mais graves do que os pecados do sapo, mas a resposta é também sim, porque afinal, ambos, sapo e escorpião, por causa da sua natureza, acabaram perdendo a vida. Pessoas que se acham “quase perfeitas”, às vezes revelam fortalezas interiores imensas quando são confrontadas com a necessidade de mudar pequenas coisas. Chegam muito próximas à margem oposta do rio, porém algo as impede de completar a travessia.
Prezado leitor: O universo humano é constituído de sapos, escorpiões e muitos outros bichos. Assim, da nossa perspectiva, sempre iremos encontrar alguém melhor e alguém pior do que nós. Da perspectiva de Deus, porém, todos precisamos ser transformados, milagre que somente a conversão pode operar, porque ela toca na essência da questão: Arrepender-se da própria natureza e permitir que Deus faça algo novo em nós.
JESUS, A OPÇÃO DA VIDA!