EXPECTATIVAS
Por: Pr. Armando Castoldi
12/01/2015
É surpreendente para quem lê os Evangelhos, perceber quantas vezes encontramos Jesus buscando algum lugar solitário para orar. Meditando sobre essa questão, me perguntei: Sendo Ele o próprio Filho de Deus, por que sentia a necessidade de orar tanto? As respostas poderiam ser muitas, mas eu me detive numa questão específica: Expectativas! Não procuramos pessoas ou ambientes nos quais não temos expectativas.
Mas Jesus já não conhecia a mente de Deus? Ele não sabia tudo o que o Pai iria realizar no momento seguinte? Sim e não! Jesus viveu neste mundo como homem. Exceto em relação ao pecado, quando Ele veio para tornar-se o nosso Salvador, esvaziou-se completamente da sua condição divina, assumindo inteiramente a nossa humanidade. Ele possuía, sim, pleno acesso ao Pai, porém como filho, deveria viver em absoluta dependência. (Filipenses 2.5-11)
Pode parecer que isso tenha sido fácil, mas eu creio que mesmo para Ele, viver nessa dimensão não deve ter sido algo simples. Inúmeras vezes Jesus afirmou explicitamente que não veio para fazer a Sua vontade, mas a vontade d’Aquele que o enviou. Seria mais ou menos como uma criança, que ciente da sua necessidade de obedecer, diante de cada nova situação, tivesse que correr para junto de seu pai e perguntar: O que eu faço agora? Foi assim que Jesus viveu!
Claro, Ele possuía uma ligação direta com o Pai, o que nós também podemos ter agora através de Jesus. Porém, assim como acontece conosco, chega o momento quando há tantas vozes soando em nossos ouvidos, que já não conseguimos mais discernir claramente a origem e o sentido de cada uma delas. São essas situações que muitas vezes nos induzem ao erro. Mas Jesus não podia errar!
Então nesse ponto, podemos perguntar: Essa condição não era um peso demasiado grande para Jesus? Ter se submetido a esse grau de dependência não produziria nele uma tensão quase impossível de administrar? Bem, dependeria do modo como Ele compreendesse o seu relacionamento com o Pai.
Quero destacar o texto que me levou a essa reflexão: “Logo a seguir, compeliu Jesus os discípulos a embarcar e passar adiante dele para o outro lado, enquanto ele despedia as multidões. E despedidas as multidões, subiu ao monte, a fim de orar sozinho. Em caindo a tarde, lá estava ele só” – Mateus 14.22-23.
Esse episódio está situado imediatamente após o milagre da multiplicação dos pães e dos peixes. Podemos então imaginar o burburinho criado entre a multidão depois desse acontecimento tão extraordinário. Jesus devia estar cansado, com os ouvidos zunindo, louco para recolocar os pensamentos em ordem e descansar. Contudo eu posso ir um pouco além, e imaginá-Lo também cheio de expectativas sobre qual seria o próximo grande acontecimento que o Pai havia lhe reservado. E não é que na madrugada daquela mesma noite, Ele andou sobre as águas e acalmou uma tempestade? E foi sempre assim, dia após dia, luta após luta, milagre após milagre, que Ele era levado cada vez mais para dentro da vontade do Pai. Então, finalmente, chegou o dia quando Ele precisou orar como nunca, angustiar-se mais do que nunca, ao ponto de ver sua pele verter gotas de sangue. Contudo, Ele sabia que aquilo que realmente possui valor; aquelas coisas que produzem verdadeira glória, quase sempre são geradas em meio a partos muito doloridos. Mas afinal, que razão teria a vida sem a expectativa de glória?
Prezado leitor: Mais em ano começa. Onde você vai colocar suas expectativas? “A ti, que habitas nos céus, elevo os olhos! Como os olhos dos servos estão fitos nas mãos do seus senhores, e os olhos da serva na mão de sua senhora, assim os nossos olhos estão fitos no Senhor nosso Deus” - Salmo 123.2. Entenda, que são as suas expectativas que determinarão a intensidade da sua busca pela presença de Deus. Abençoado 2015!
JESUS, A OPÇÃO DA VIDA!