QUE NÃO MORRAM OS TEUS SONHOS!
Meu pai era agricultor, mas não por vocação. Desde criança foi um aluno destacado e por isso nutria o desejo de estudar mais e, como se dizia naqueles tempos, “ser alguém na vida”. Porém meu avô, esse sim, era agricultor por vocação e, por valorizar tanto o que fazia, entendia que seus filhos tinham que seguir o mesmo caminho. Muitas vezes via meu pai, um homem franzino assim como eu, reclamar do seu destino, dizendo que não tinha sido feito para um trabalho tão duro. Por isso, algo que ouvi desde criança é que eu deveria sonhar mais alto. Meu pai então, ao contrário do seu pai, fez tudo o que pôde para “expulsar” da roça.
Nasci em l956, portando vivi minha adolescência e juventude entre as décadas de l970 e l980. Aqueles, sem dúvida, foram os anos dourados, pois neles fervilhava uma atmosfera absolutamente favorável para que um jovem pudesse construir um sonho. Claro, nesse período vivíamos em meio à Ditadura Militar, mas quem estava preocupado com isso? Eu não tinha vocação para terrorista, guerrilheiro ou algo assim. E sendo assim, tinha toda a liberdade para me lançar na construção de um futuro decente. O mundo no qual eu gravitava, mesmo em meio ao turbilhão de mudanças que aconteciam, era um mundo seguro e promissor: O ensino era consistente, as leis eram claras, os valores eram definidos e portanto e quem fazia a coisa certa, iria colher o fruto do seu esforço. Hoje, olhando para trás, vejo que vivendo em condições assim, eu poderia ter feito um sonho bem maior. Mas enfim, independentemente do tamanho do sonho, construí minha vida de modo digno e me sinto realizado, porque pude alcançar quase tudo aquilo que busquei.
Mas o que é um sonho? Sonho é mais do que um amontoado de ideias vagando pela cabeça; sonho é muito mais do que um desejo, por mais forte que ele seja. Um sonho, consiste em projetar concretamente o futuro dentro de uma perspectiva realizável. Ou seja: Um sonho precisa estar na mente, no coração, mas acima de tudo precisa caber dentro da minha realidade existencial, porque um sonho, precisa ter condições de acontecer no mundo concreto. Eis a questão: O meus sonhos puderam se realizar, em primeiro lugar por que eu fiz a minha parte, mas em segundo lugar, por que não fui traído pelas realidades exteriores. As circunstâncias do mundo que eu existia permitiram que eu pudesse preservar as coisas que fui construindo. Aquilo que possuía valor lá no início, ainda preservava o seu valor quando cheguei ao destino.
Hoje pela manhã, conversando com um professor de ensino médio sobre o caos que vai se instalando em todas as esferas da sociedade, concluímos que a grande ameaça ao futuro dos nossos jovens não está no fato de que eles não queiram mais sonhar, mas na triste constatação de que o mundo que legaram, já não lhes dá mais a segurança para construírem seus sonhos. O grande dilema que sobressalta hoje o coração de um jovem é que ele realmente não tem a segurança de que seu esforço será reconhecido. Para qualquer lado que queira olhar e idealizar o futuro, irá se deparar com infinitas interrogações. Nada mais é seguro, nada mais é confiável, nada mais parece ter valor permanente. Do ponto de vista humano, é exatamente isso!
Prezado leitor: E então tudo está perdido? Não! Em meio a esse caos que criamos, há uma realidade que não muda: Deus. É fato que as minhas circunstâncias favorecerem a concretização dos meus sonhos, mas hoje, olhando para trás, eu percebo que na verdade, muito além meu esforço e das minhas circunstâncias, Deus fez toda a diferença. Sem Ele, nada faria muito sentido; sem Ele, seria apenas eu e minhas conquistas ou quem sabe, eu e as minhas frustrações. Sim, o mundo está mais complicado agora, mas Deus continua no Seu lugar. Sendo assim, que não morram os teus sonhos! “Entrega teu caminho ao Senhor, confia nele, e o mais Ele fará”. (Salmo 37.5)
JESUS, A OPÇÃO DA VIDA!
