No sábado passado ministrei um retiro para os jovens da minha Igreja e entre outros assuntos, abordei a questão da crise da masculinidade. O homem nunca foi afeito a falar de seus dramas interiores, contudo o momento exige que o tema seja levantado.
Com a consolidação progressiva dos preceitos do movimento feminista, o homem não somente está perdendo os espaços que historicamente foram seus, como também está perdendo a noção da sua própria identidade como ser masculino. O homem ocidental é hoje um bicho acuado por todos os lados, que tenta timidamente sobreviver, tornando-se aos poucos mera caricatura daquilo que um dia já foi.
A sociedade atual mergulhou tão fundo na ânsia por igualdades, que está perdendo completamente as referências. E, para não parecer que estou falando baseado em pressupostos teológicos, quero dizer que não é necessário crer em Deus para perceber que a ordem, o equilíbrio e a sustentação do universo dependem inexoravelmente da diversidade. São os contrastes que fazem a vida acontecer e ser tão linda: o dia e a noite, o frio e o calor, a montanha e o vale, o deserto e a mata, água e fogo, o macho e a fêmea. “La vita è così, e punto e basta!”
Não se trata, portanto, de mera abordagem teológica, filosófica, sociológica. Homem e mulher não são a mesma coisa! Então, é evidente que sendo diferentes em sua natureza essencial, homem e mulher terão que ser também diferentes em seu comportamento e em seus papéis precípuos. Para tanto, um e outro precisam de espaços, contextos e mecanismos próprios para desenvolverem em plenitude seus potenciais, para que ao se encontrarem, encontrem também o pleno sentido de suas existências; esse clamor ancestral e misterioso de suas naturezas que nem os poemas podem expressar direito: “Há três coisas que são maravilhosas demais para mim, sim, há quatro que não entendo: o caminho da águia no céu, o caminho da cobra na penha, o caminho do navio no meio do mar e o caminho do homem com uma donzela”. (Provérbios 30.18)
Por isso, desde os primórdios da humanidade, as sociedades estabeleceram ritos de passagem. O desenvolvimento biológico da mulher, com o início da menstruação estabelece quase que naturalmente a passagem para a vida adulta. Porém o homem necessita de intervenções externas mais drásticas para deixar de ser menino. E, pela falta dessa perspectiva, perderam-se também esses rituais. Veja que na sociedade atual quase não há mais motivações para um menino lançar-se com todas as forças nessa aventura de tornar-se adulto. Então o que vemos, são apenas meninos se tornando mais velhos, optando por brinquedos mais sofisticados, mas não conseguindo ultrapassar essa barreira existencial que os transforme em homens de verdade.
Tudo isso é resultado de um estilo de vida que não carrega mais em sua gênese próprio impulso pela perpetuação da espécie. O feminismo, na sua ânsia de emancipação, gerou um espírito de aversão ao masculino. O resultado desse equívoco é que as mulheres desprezam a busca mais elementar de um homem, que é a conquista do amor de uma mulher e a capacidade prover o sustento de sua família. E, quanto lhe é roubada essa perspectiva, o menino perderá o desejo de amadurecer e será simplesmente uma criança cada vez mais velha, egoísta e frustrada, que descarregará seu senso de incapacidade adquirindo “brinquedos” novos, ou até abdicando explicitamente da sua masculinidade. Essa é a triste mas incontestável realidade que estamos vivendo.
Prezado leitor: Lá no início, Deus deu ao homem uma mulher e um jardim para cultivar e guardar. Sim, eles pecaram e foram expulsos desse jardim. Contudo, Deus não desistiu deles, não os tornou menos daquilo que eram, não desfigurou sua humanidade, não separou um do outro, nem lhes diminuiu o desejo de se amarem, se multiplicarem e serem felizes. Iríamos agora desistir de nós mesmos?
JESUS, A OPÇÃO DA VIDA!