Com as tantas facilidades tecnológicas à disposição, nunca nos foi possível conhecer tanto, mesmo sem estudar ou viajar. A exuberância das paisagens, o força dos fenômenos naturais, a intricada cadeia das simbioses que liga as mais diferentes formas de vida, a riqueza de diversidade dos ecossistemas, enfim, a vida em suas formas mais simples e mais complexas, aparecem diante dos nossos olhos com o simples clicar de botão de um controle remoto. E ainda assim, por mais fantástico que seja aquilo que conseguimos captar, fica cada vez mais evidente que muito mais é aquilo que ainda está escapando às nossas percepções: “Que variedade, Senhor, nas tuas obras! Todas com sabedoria as fizeste; cheia está a terra das tuas riquezas” –Salmo 104.24.
Bem, esse é o poder de Deus e esses milagres existiriam e continuariam a se repetir dia após dia, ainda que nem existíssemos. A sustentação desse universo, em nada depende de nós. Entretanto, foi dentro desse mundo que o Criador nos fez e foi sobre esse mundo que Ele nos delegou domínio: “E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra” – Gênesis 1.28.
Se compreendemos ou não a dimensão e a responsabilidade dessa delegação é outro assunto, mas o fato é que Deus nos revestiu de uma honra e um poder que excede em muito tudo o mais que existe. O simples fato de me encontrar aqui, refletindo sobre tudo isso e procurando palavras para expressar essas realidades, me coloca numa posição abismal acima do restante da criação. Fomos feitos pela mão do próprio Deus, à sua própria imagem e semelhança, com a missão de sermos criadores com Ele de um universo inimaginável de coisas novas e extraordinárias que ainda caberiam dentro desse mundo já criado. Mas temos correspondido ao propósito da nossa criação?
Como hoje praticamente qualquer pessoa pode postar um vídeo nas redes sociais, é impressionante perceber o que o ser humano pode realizar. Parece que de fato não há medida para aquilo que podemos realizar com nossa mente e nosso corpo. As barreiras mais difíceis estão sendo rompidas, os limites mais altos estão sendo alcançados os recordes vão sendo um a um superados, por que carregamos um potencial quase infinito. Tecnologicamente, fisicamente, artisticamente, alcançamos patamares realmente fantásticos. Mas é somente disso que se constitui a nossa humanidade? Era somente isso que Deus requeria de nós no oitavo dia? Eis a questão!
Se no sexto dia recebemos domínio e poder, no oitavo nosso coração foi manchado pelo pecado e perdemos a noção da nossa verdadeira identidade e propósito. Desde então, na mesma medida que podemos ascender à mais alta montanha, podemos descer ao mais profundo abismo. É claro que nem só subimos e nem só descemos, mas nada indica que por si mesmo o homem decidirá investir todo o seu potencial criativo para o bem. Ao contrário, à medida que avançamos tecnologicamente; à medida que acumulamos bens e riquezas, manifestamos um descaso cada vez maior pela vida, em todas as suas dimensões. Ironicamente parece que sem a cura do coração, toda riqueza material cobra um empobrecimento espiritual correspondente.
Prezado leitor: No oitavo dia, o homem pode fazer coisas admiráveis e também coisas horríveis. No oitavo dia, o espaço sideral e o genoma humano foram desvendados, mas também no oitavo dia, destruímos as florestas e poluímos os oceanos. No oitavo dia Deus enviou Seu filho ao mundo e pela pregação do Evangelho multidões tiveram suas vidas restauradas, mas também no oitavo dia, fizemos a inquisição e o holocausto. Por que vivemos no oitavo dia, ninguém está imune a essas contradições, porém a bênção do oitavo dia, é que cada um ainda pode fazer a sua escolha: “O salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus” – Romanos 6.23.
JESUS, A OPÇÃO DA VIDA!