Jesus realizou feitos extraordinários, entretanto seus milagres foram um fim em si mesmos. Ele não precisava se mostrar. Jesus nunca teve em vista simplesmente provar que era poderoso, nem fazer algo para conquistar a simpatia de alguém. Todos os milagres que Ele realizou se justificavam por motivações muito mais profundas, que brotavam de um coração puro e pleno de compaixão.
Entretanto, como os sinais sempre chamam a atenção, as multidões eram atraídas pela sua presença. O fascínio que Jesus exercia era tão grande que as pessoas pareciam às vezes perder a noção de tempo e distância. E foi assim que um dia, sentindo que não poderia despedir vazia a multidão, realizou o tão conhecido milagre da multiplicação dos cinco pães e dois peixes.
Mas o interessante é o que acontece logo a seguir: “No dia seguinte, a multidão que ficara do outro lado do mar notou que ali não havia senão um pequeno barco e que Jesus não embarcara nele com seus discípulos, tendo estes partido sós. Entretanto, outros barquinhos chegaram de Tiberíades, perto do lugar onde comeram o pão, tendo o Senhor dado graças. Quando, pois, viu a multidão que Jesus não estava ali nem os seus discípulos, tomaram os barcos e partiram para Cafarnaum à sua procura. E, tendo-o encontrado no outro lado do mar, lhe perguntaram: Mestre quando chegaste aqui? Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: Vós me procurais, não porque vistes sinais, mas porque comestes dos pães e vos fartastes. Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que subsiste para a vida eterna, a qual o Filho do Homem vos dará; porque Deus, o Pai, o confirmou com o seu selo. Dirigiram-se, pois, a ele, perguntando: Que faremos para realizar a obra de Deus? Respondeu-lhes Jesus: A obra de Deus é esta: que creiais naquele que por ele foi enviado” – João 6.22-29.
Incrível, como a mesma coisa pode se transformar em algo tão diferente num segundo momento. Na primeira vez, as coisas normalmente são aquilo que são, porém na segunda vez, elas se transformam naquilo que as tornamos. Estar atento a isso é a grande chave para o discernimento. Uma coisa, portanto, é como iniciamos um processo, outra coisa é o modo como conduzimos os passos seguintes. Um passo no caminho errado, pode ser o sinal de alerta para voltarmos atrás e recomeçarmos tudo de maneira diferente e um passo no caminho certo, pode se tornar em nosso coração uma armadilha que vai lá adiante nos levar ao caminho do desastre.
Quando Jesus multiplicou os pães e peixes, havia ao redor de si uma multidão que exatamente por segui-Lo, estava agora num lugar ermo sem ter o que comer, porém no dia seguinte, a mesma multidão se transformara num bando de interesseiros, buscando pão de graça. E se Jesus tivesse cedido à tentação, como teria acabado a história?
O fato é que a segunda vez é sempre mais perigosa, por que o mal sempre se tornará mais grave na segunda vez e por que o bem precisará se manter num caminho muito estreito para continuar subsistindo como bem. Jesus discernia essas realidades e por isso, não se deixava enganar: “Vós me procurais, não porque vistes sinais, mas porque comestes dos pães e vos fartastes”. O fato é que às vezes, até mesmo a busca de Deus pode transformar-se em algo mau em nosso coração e quando isso acontece, nem os maiores milagres serão suficientes para saciar a nossa cobiça.
Prezado leitor: Quando perguntado sobre o que fazer para realizar a obra de Deus, Jesus foi pronto em responder: “A obra de Deus é esta: que creiais naquele que por ele foi enviado”. Assim, se você quiser fazer a vontade de Deus, não corra atrás de grandes coisas. Simplesmente creia! E se ao segui-lo, você se achar além dos próprios limites, seu pão será multiplicado, quantas vezes for necessário, porque Ele verá que você está trabalhando “não pela comida que perece, mas pela que subsiste para a vida eterna”.
JESUS, A OPÇÃO DA VIDA!