“Existe o risco que você não pode jamais correr, e existe o risco que você não pode deixar de correr”. (Peter Drucker)
Embora o autor do pensamento acima referia-se ao mundo dos negócios, esse mesmo princípio se aplica ao plano espiritual: “Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me. Porquanto, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa achá-la-á. Pois que aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?” – Mateus 16.24-28.
Há muitas pessoas que gostam de viver na zona de perigo. Elas professam amar a Deus, porém só o seguem de longe; são simpatizantes do Reino de Deus, mas não se entregam completamente. Flertam ao mesmo tempo com o Céu e com o Inferno e assim, seus corações se inclinam ora para um lado ora para outro. Tentam inutilmente ficar com um pé em cada barco e, digo inutilmente, porque se não optarem por um ou por outro, fatalmente cairão na água e se perderão do mesmo modo que se perderiam se ficassem inteiramente com os pés no reino deste mundo. Pessoas assim, como não podem se definir como verdadeiros discípulos de Jesus, assumem as vestes da religiosidade.
Usando a ilustração de dois barcos, digamos que um é o barco da religiosidade, outro é o barco do discipulado de Cristo. Como a salvação está além dos limites deste mundo e muito além do esforço próprio, vamos imaginar essa pessoa presumida em sua religiosidade, desejando atravessar um grande rio para obter enfim a sua salvação. À margem desse rio estão dois barcos: um está em perfeitas condições, sem qualquer avaria, portanto absolutamente seguro. O outro é um barco velho, sem nenhuma condição de segurança. Porém esse velho barco, para ela é bem mais do que isso. Há vínculos que a prendem a ele. Sua história pessoal e familiar está ligada a esse barco. Quando ela analisa o barco novo, não tem como deixar de perceber que ele é seguro, porém como se desapegar do velho barco? Então alguém tenta ajudá-la, mostrando-lhe que a questão não é olhar para o passado e sim para o futuro; que não adianta se apegar a algo que não tem condições de levá-la para destino desejado; que diante do novo barco que lhe foi apresentado, ela já não tem argumentos nem desculpas para usar o outro. Mas seu apego é grande demais, então ela olha para um barco e olha para o outro barco. Ao olhar para o barco novo, por um breve momento ela sente um forte impulso de entrar nele, porém cada vez que ela olha para o velho barco, ondas de lembranças e emoções invadem sua mente e seu coração e, quando mais as pequenas ondas balançam o velho barco na água, suas ondas interiores se tornam mais intensas. Finalmente, com a consciência já carregada de culpa, ela se inclina para o velho barco. Fez sua escolha! Não é lógico, não é sensato correr esse risco, porém na confusão da sua mente e das suas emoções, nasce uma infundada esperança que mesmo contra todas as evidências, o velho barco a levará para a outra margem. E quando ela se lança na água, uma grande paz invade momentaneamente o seu coração. O dia está bonito, a água está tranquila, o vento suave, as pequenas ondas do rio lhe transmitem uma sensação de conforto. Tudo parece perfeito! E de fato, tudo está perfeito, menos o barco. Tudo teria sido tão simples, tão fácil, tão seguro, não fosse o velho barco!
Do lado de cá, alguém fica observando com tristeza quando ao longe, quase na linha do horizonte, a silhueta de um barco finalmente imerge para sempre nas águas. Ao baixar os olhos, não tem como deixar de ler as grandes letras escritas com sangue na proa do barco que ficou à margem. Então com a voz embargada pela emoção, seus lábios começam balbuciar: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim” – João 14.6.
JESUS, A OPÇÃO DA VIDA!