Por: Pr. Armando Castoldi
Cada vez mais a sociedade secular está nutrindo uma aversão explícita ao Evangelho. O mundo quer seguir seu curso sem qualquer interferência. Na verdade, desde a queda o grande desejo do ser humano é ser independente. Agimos como senhores do universo e do próprio destino. Temos uma inclinação natural de presumir que a vida nos pertence e que temos pleno domínio sobre ela. Então, sempre que algum vislumbre mais elevado nos coloca diante da realidade, ou nos humilhamos e deixamos que essa soberba seja quebrada, ou então nos tornamos ainda mais arrogantes e obstinados.
Ora, enquanto o ser humano vivia em contato mais íntimo com a natureza e interagia mais diretamente com os elementos, a fé era praticamente uma imposição lógica, uma vez que viver era estar constantemente diante da necessidade de testar os próprios limites. Porém, à medida que a tecnologia tem avançado, começamos criar um mundo artificial, onde quase todos os bens que consumimos já vêm prontos e embalados e quase todas as forças das quais nos utilizamos estão ao alcance do clicar de uma tecla. Em quase todas as áreas, o esforço que desprendemos é mínimo.
Outro dia eu estava no supermercado e na hora de passar pelo caixa, a fila não andava e todos começamos a ficar impacientes. Então olhei para as minhas compras e me veio um pensamento que ousei expressar em voz alta: “Pois é! Estamos aqui com tanta pressa, mas vamos imaginar quanto tempo e esforço precisaríamos para conseguir produzir aquilo que estamos comprando”. Pegos de surpresa por esse raciocínio, todos se aquietaram e esperaram com calma a sua vez.
Cito esse fato para exemplificar o quanto o mundo moderno tem nos tirado a percepção da realidade. A ilusão que se cria num mundo assim é que tudo na vida deve estar ao alcance das mãos e que tendo dinheiro, tudo pode ser adquirido no exato momento da necessidade.
E de fato, as pessoas estão comprando assim a afeição e é por isso que existem tantos motéis e lugares de prostituição. E de fato, as pessoas estão comprando assim a sua paz interior e é por isso que existem tantas farmácias e tantos traficantes de drogas. E de fato as pessoas estão comprando assim o respeito e a admiração e é por isso que existem tantas casas bonitas e tantos carros novos. E de fato as pessoas estão comprando assim a sua autoestima e é por isso que existem tantas lojas de grife, tantos salões de beleza e tantas academias. E de fato as pessoas estão comprando assim uma nova juventude e é por isso que há tantos idosos se comportando como adolescentes.
Contraditoriamente, nunca vimos tão exposta a nossa vulnerabilidade. Não é revelador que um pequeno apagão de energia elétrica nos deixa a todos simplesmente atordoados? Não é revelador que à medida que as pessoas declaram sua independência de Deus crescem assustadoramente outras tantas formas de dependência? Quando vamos nos dar conta que a medida do nosso conforto revela a medida das nossas fragilidades? Quando vamos nos dar conta que a medida da nossa independência é a medida da nossa própria insegurança?
Prezado leitor: Nós não somos tão donos da nossa vida como pensamos ser. Afinal, quem consegue exercer controle sobre as suas circunstâncias? Quem consegue exercer o controle sobre as consequências dos seus atos? Nós não temos todo esse poder que imaginamos e na verdade, quase todas as nossas pretensões repousam em esperanças que nunca se cumprem. Mesmo assim, Deus não desiste facilmente de nós e continua nos chamando de volta à Sua dependência, simplesmente por que Ele nos ama e sabe que não temos muitas alternativas: “Os céus e a terra tomo, hoje, por testemunhas contra ti, que te propus a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois a vida, para que vivas, tu e tua descendência” – Deuteronômio 30.19.
JESUS, A OPÇÃO DA VIDA!