Por: Pr. Armando Castoldi
O maior desafio do ser humano é libertar-se de si mesmo. Todos nós temos a mesma natureza. Todos nós somos iguais e puxamos a brasa para o nosso assado, sim. Nossos julgamentos dificilmente são imparciais. Não tratamos os outros como gostaríamos de ser tratados, ao contrário, para aqueles que erram contra nós, exigimos justiça, porém quando se trata dos nossos próprios erros, esperamos misericórdia.
No fundo, cada um de nós se acha o centro do universo e muito daquilo que é rotulado como complexo, nada mais é do que o ressentimento por não possuirmos aquilo que apreciamos nos outros. Claro que pode haver níveis de profundidade nesse poço existencial que todos nós caímos, mas é ali que estamos por natureza: “Por que todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” – Romanos 3.23.
Esse reconhecimento é o grande “insight” para nos levar à verdadeira conversão. Do contrário, quando não percebemos essa realidade, a própria conversão pode tornar-se mais uma ação egoísta, uma tentativa de entrar no reino de Deus pela porta dos fundos, tornando Deus apenas um servo dos nossos caprichos. Claro que dizendo isso de uma maneira tão crua pode parecer exagerado, mas pense bem: O que move a grande maioria das pessoas a professar sua fé em Deus: Servirem ou serem servidas?
Praticamente todas as expressões de religiosidade esbarram exatamente nesse ponto. Não há um compromisso de vida, mas apenas rituais, oferendas, sacrifícios, rezas para fazer com que Deus ou outras entidades espirituais, sejam convencidas a trabalhar em seu favor. Deus está fora de tudo isso. Se alguém O busca de fato, entenderá que Aquele que criou e que sustenta o universo, não irá se impressionar com essas coisas.
O profeta Miquéias expressa assim essa realidade: “Com que me apresentarei ao Senhor e me inclinarei ante o Deus excelso? Virei perante ele com holocaustos, com bezerros de um ano? Agradar-se-á o Senhor de milhares de carneiros, de dez mil ribeiros de azeite? Darei o meu primogênito pela minha transgressão, o fruto do meu corpo, pelo pecado da minha alma? Ele te declarou ó homem, o que é bom e que é que o Senhor pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus” – Miquéias 6.6-8.
Expondo essa verdade e a forma como Jesus a cumpriu, o autor de Hebreus diz: “Porque é impossível que o sangue de touros e de bodes remova pecados. Por isso, ao entrar no mundo diz: Sacrifício e oferta não quiseste; antes, corpo me formaste; não te deleitaste com holocaustos e ofertas pelo pecado. Então eu disse: Eis aqui estou (no rolo do livro está escrito a meu respeito), para fazer, ó Deus, a tua vontade” – Hebreus 10.4-7.
Mas, passados setecentos anos de Miquéias até Jesus Cristo e passados mais dois mil anos até os nossos dias, parece que pouca coisa mudou. Multidões de cristãos professos continuam erigindo imagens, acendendo velas, fazendo correntes de toda ordem, ungindo e vendendo toda sorte de quinquilharias para de alguma forma forçar Deus a satisfazer seus desejos. É um lamentável retorno ao paganismo; é a velha e decaída natureza humana de volta ao comando.
Prezado leitor: Talvez você pergunte: Qual é o caminho? Simples: O caminho inverso. O caminho da rendição, o caminho da obediência, o caminho que Jesus trilhou. É inútil buscar outra direção, pois Deus jamais irá deixar-se manipular pelo homem. Todos os grandes servos de Deus entenderam uma verdade elementar: Eu devo fazer a vontade de Deus e não Ele a minha. Infelizmente a religiosidade insiste em nos enganar dizendo que Deus quer algo de nós. Não, Deus não quer algo de nós; Ele quer a nós, inteiros, disponíveis, moldáveis como o barro na mão do oleiro. Exatamente assim: “Eis aqui estou, para fazer, ó Deus, a tua vontade”.
JESUS, A OPÇÃO DA VIDA!