Há tantas definições de amizade que quase tudo o que se pode falar a respeito, já soa repetitivo. Mesmo assim eu me arriscaria a dizer que “amigo é a aquela pessoa que se importa por você, unicamente pelo que você é”.
Aliás, há pouco tempo, refletindo sobre a pobreza de Jesus, me ocorreu que talvez uma das razões pelas quais Ele nada possuía, era exatamente para evitar que as pessoas confundissem sua missão: “Indo eles caminho a fora, alguém lhe disse: Seguir-te-ei para onde quer que fores. Mas Jesus lhe disse: As raposas têm seus covis, e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça” – Lucas 9.57-58. Por isso, foi exclusivamente ao seleto grupo que o seguiu, que Ele declarou: “Já não vos chamo de servos, porque o servo não sabe o que faz o seu Senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de eu Pai vos tenho dado a conhecer” – João 15.15.
Quanto a mim, humano e pecador, reconheço que não estou na condição de fazer muitas exigências. Mesmo assim, sou profundamente grato a Deus, pois a respeito deste assunto, meu saldo é bem positivo. Algo bom que vou levar desta vida é a experiência de ter tido grandes amigos. Muitos deles estão bem próximos, mas também tenho muitos outros espalhados pelos lugares onde andei e até por onde não andei. Por isso, quando menos espero, sou presenteado com gratas surpresas.
No ano de 1985, estive em Montevideo, numa conferência missionária e lá conheci um jovem casal - ele italiano e ela alemã, recentemente vindos da Europa para estudar na Escola Bíblica da Organização Missionária Chamada da Meia Noite”, que estava promovendo aquele evento.
Durante o tempo da conferência, apesar das limitações do meu “portunhol e do dialeto vêneto”, fomos nos entendendo e logo descobrimos uma grande afinidade. Pouco tempo depois eles vieram me visitar aqui em Encantado. Mais adiante, em 1990, eles morando na Itália e eu em Gramado, nos fizeram uma nova visita, poucos dias antes do nascimento do nosso primeiro filho.
Em 1992, com a queda do comunismo na Albânia, considerado então o país mais fechado do mundo ao Evangelho, onde até mesmo a simples pronúncia da palavra Deus incorria em crime passível de prisão de até sete anos, eles sentiram o chamado de Deus para pregar o Evangelho naquele país.
Desde então não mais nos vimos. Nos escrevíamos eventualmente, mas confesso que eu tinha dúvidas que iríamos nos encontrar novamente. Porém, qual foi minha surpresa quando há poucos dias recebi um e-mail da parte deles, dizendo que iriam estar no Uruguai e não queriam retornar à Europa sem passar um tempo conosco. Assim, na quinta-feira da semana passada fomos buscá-los no Aeroporto.
Renate é cantora, já com vários CDs gravados; Rino, um evangelista de renome na Europa. Ficaram em nossa casa, viveram a simplicidade da nossa vida, se alegraram com as nossas alegrias, se solidarizaram com nossas lutas, nos instruíram com sua sabedoria e, vivemos circunstâncias, onde pudemos sentir claramente que mesmo vivendo tão longe, este era o tempo que Deus havia preparado para que estivéssemos juntos. No domingo à noite, abençoaram nossa congregação com seus dons. E que grande bênção foi. Uma verdadeira festa espiritual!
Quando na segunda-feira os levamos de volta ao Aeroporto, a impressão que tínhamos é que estávamos nos despedindo de pessoas que haviam estado sempre conosco. Agora, mais do que nunca, sei que nossa amizade jamais irá morrer; agora, mais do nunca, sei que essa amizade nasceu no coração de Deus, pois não abriga outro interesse que não partilhar a riqueza interior que, apesar dos nossos defeitos, podemos ver uns nos outros. Obrigado Senhor, por Rino e Renate e por todos os meus verdadeiros amigos!
JESUS, A OPÇÃO DA VIDA!