Por: Pr. Armando Castoldi
PROTESTOS
Há um texto em Salmos 11.3, que me ajuda a compreender o que acontece atualmente em nosso país: “Ora, destruídos os fundamentos, que poderá fazer o justo?”.
Embora ainda um tanto difusos ou confusos os verdadeiros motivos dos protestos que estão acontecendo em nosso país, uma coisa está clara: o povo está cansado de tanta frustração. Entra governo e sai governo, entra partido e sai partido, mas nada muda.
Como na medida do possível acompanho o que se passa nas redes sociais, vejo dentro do meio cristão uma divisão de opiniões a respeito do assunto. Um cristão deveria se envolver nesses protestos? A participação em manifestações pacíficas contra os desmandos de um governo corrupto configuraria transgressão às leis de Deus?
Na Bíblia encontramos mandamentos claros a respeito da necessidade de obedecer às autoridade constituídas, mas encontramos também homens de Deus, especialmente os profetas, repreendendo abertamente autoridades. Se João Batista não houvesse denunciado o adultério de Herodes, certamente não teria perdido a cabeça.
Mas alguns dirão: A nação de Israel não pode ser tomada como referência, pois lá a autoridade civil e espiritual estavam entrelaçadas e isso credenciava João Batista repreender o rei Herodes (Marcos 6.18) ou, em outro exemplo, o profeta Elias a repreender ao rei Acabe (1 Reis 18.17-18)
Ora, o Brasil é um país democrático, cuja Constituição Federal, em seu artigo 5º reserva a todos os cidadãos exatamente os mesmos direitos: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”. E no mesmo artigo, em seu inciso IV, diz ainda: “É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato”.
Então, dentro de uma sociedade democrática, todos são livres para expressar sua opinião, contanto que “mostrem a cara” e o façam de forma ordeira e pacífica. Se por motivo de consciência um cristão entende que não deva fazer parte dessas manifestações, seja em passeatas ou nas redes sociais, deverá ser coerente com sua consciência. Contudo, se o outro entender que, usando seu direito de cidadão civil, deve expressar-se, é livre para fazê-lo. Não vejo absolutamente que isso configure desobediência a Deus.
Sabemos que a missão precípua do cristão, do verdadeiro discípulo de Jesus, é anunciar a salvação em Jesus Cristo. O Evangelho muda as pessoas e por consequência muda a sociedade, mas muitas vezes, a exemplo de João Batista, cuja missão primeira também era anunciar a Cristo, muitos cristãos entendem que não podem calar diante do abuso daqueles que deveriam nos dar o exemplo.
Grande parte dos nossos atuais líderes, seja no Executivo, Legislativo e judiciário, estão destruindo os fundamentos, aqueles valores que erigiram e sustentam a nossa sociedade. Biblicamente, eles possuem o aval de Deus para governar, mas são colocados lá para promover a segurança, o bem estar dos cidadãos e administrar com zelo e honestidade os recursos que são gerados pelo suor do povo. Mas quem não percebe que jugo está pesado demais? Havia um grito contido em nossas gargantas!
Então, enquanto os fundamentos ainda estão postos, enquanto a Constituição ainda nos garante direitos, podemos usar nossos recursos lícitos. Porém, quando os fundamentos já não subsistirem, toda luta do justo será tida por subversão.
Prezado leitor: Mas há uma questão mais profunda: a realidade da corrupção humana. No fundo todos nós sabemos que o mal está bem mais próximo. É importante protestar? Sim. Contudo, um outro protesto é necessário: aquele que é dirigido ao coração, reconhece os seus pecados e clama pela própria transformação. (Romanos 12.1-2)
JESUS, A OPÇÃO DA VIDA!
