A MORTE DA RAZÃO
(Escrito em 02.12.2006)
Na semana passada eu e minha esposa fomos visitar um casal de amigos numa cidade vizinha. A certa altura da estrada, avistamos uma placa com a seguinte frase: “TODOS OS CAMINHOS SÃO ILUMINADOS POR DEUS”. Como minha esposa recitou-a em voz alta, ficou evidente o tamanho do engano que estava imbutido naquelas palavras. Comentei com ela: Em outros tempos eu iria achar isso lindo, simplesmente pelo fato de referir o nome de Deus. É evidente que a pessoa que a escreveu teve a melhor das intenções, mas será que boas intenções poderiam transformar uma mentira em verdade?
Em 1974, pela Aliança Bíblica Universitária foi publicada em português a primeira edição do livro “A Morte da Razão”. Seu autor, Francis Schaeffer, hoje falecido, era um suíço agnóstico que se converteu ao cristianismo. Ele foi, sem dúvida nenhuma, um dos escritores mais lúcidos que o cristianismo conheceu. Nesse livro ele demonstra, analisando as tendências da época, como a sociedade moderna (e agora pós-moderna) perderia gradativamente a capacidade de pensar com coerência.
Profeticamente ele via com uma nitidez impressionante o dilema que viveríamos hoje na pregação do Evangelho a uma sociedade existencialista, onde todos os valores estariam relativizados e, onde as sensações e não a razão, fundamentariam a validade dos conceitos. Poderíamos sintetizar isso num exemplo bem simples: se você dissesse a uma jovem de nossos dias, “comporte-se”, que significado teria isso para ela?
Mas num nível muito mais profundo e bem mais comprometedor, o que significa hoje para a grande maioria a palavra Deus? O que significa a palavra Jesus? O que significa a palavra pecado? O que significa a palavra Céu? O que significa a palavra Inferno? O que significa a palavra vida? O que significa a palavra morte? Quando falamos essas palavras, possuirão elas o mesmo significado para todos os ouvintes? Quando falamos essas palavras, nossos ouvintes irão relacioná-las com a fonte de revelação que as trouxeram até nós? Mesmo para um mundo que se diz cristão, essas palavras ainda preservam o seu significado bíblico? Na visão de Francis Schaeffer, os cristãos do futuro teriam a árdua tarefa de não somente evangelizar, mas de resgatar na mente das pessoas o verdadeiro significado das palavras. Este é o grande desafio que está diante de nossa geração, não somente no que diz respeito à fé, mas em todas as dimensões dos nossos dilemas existenciais. O que existe de lógico na sociedade contemporânea? Estamos, sem dúvida, assistindo de um modo muito rápido e talvez inexorável, a morte da razão!!!
A frase que encontramos no caminho revela muito bem essa realidade. É muito cômodo pensar que Deus ilumina todos os caminhos. De fato, terei paz em minha consciência quando posso fazer qualquer escolha e pensar que Deus está comigo; que conforto para meu ego, sentir-me um “iluminado” de Deus, ainda que eu nunca tenha aberto a Bíblia para saber o que Ele diz de minha condição diante dEle. E, como soa espiritual crer num Jesus holístico, que cabe em todas as crenças, que aprova todas as condutas; um Jesus sem conceitos e sem preconceitos, onde não seja eu o “barro nas mãos do oleiro”, mas seja Ele a massa de modelar em minhas mãos!!!
Prezado leitor: As palavras Deus, Jesus, pecado, Céu, Inferno, vida, morte, possuem um único significado. O desconhecimento desse significado poderá levá-lo a aceitar idéias completamente distorcidas, pelo simples fato de carregarem palavras que lhe soam familiares; enganos aparentemente ingênuos, como pensar que Deus irá iluminar todos os caminhos, poderão levá-lo a um destino muito diferente daquele que você imagina: “Há caminho que parece reto ao homem, mas no final conduz à morte” – Provérbios 16.25.
JESUS, A OPÇÃO DA VIDA!