O episódio da tentação de Jesus no deserto, conforme registrado no Evangelho de Mateus, começa com a seguinte informação: “A seguir, foi Jesus levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo Diabo” – Mateus 4.1. O mesmo propósito, apenas com outras palavras, é registrado no Evangelho de Lucas: “Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi guiado pelo mesmo Espírito, no deserto, durante quarenta dias, sendo tentado pelo diabo” – Lucas 4.1.
Esse fato está localizado entre o batismo de Jesus e o início do seu ministério público. A questão é: Precisava Jesus, sendo quem era, passar por esse tipo de teste? Veja que tudo isso não foi um plano arquitetado pelo diabo, nem foi decorrência de alguma circunstância inusitada. Ambos os textos citados deixam claro que foi o Espírito Santo que conduziu Jesus ao deserto para esse fim específico.
Então, a resposta evidente a essa pergunta é que Jesus precisava, sim, passar por esse teste. Ele veio a este mundo em forma essencialmente humana, exceto em relação ao pecado. Sua vida neste mundo, foi vivida em absoluta dependência do Pai e não pela força própria. Este é um aspecto fundamental na compreensão do ministério terreno de Jesus e sua morte na cruz. Depois da ressurreição, inicia-se um novo processo, mas até a cruz, mesmo sendo Filho, Jesus viveu como servo de Deus.
Assim, como filho e como servo, Ele é submetido a três provas cruciais: 1º) Sua absoluta confiança no suprimento do Pai: “Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus; 2º) Sua absoluta reverência e submissão ao Pai: “Também está escrito: Não tentarás ao Senhor teu Deus”; 3º)Sua absoluta e exclusiva devoção ao Pai: “Retira-se, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a Ele darás culto”. Então relato é concluído com outra informação de fundamental importância: “Com isso, o deixou o diabo, e eis que vieram anjos e o serviram” – Mateus 4.11.
Então, o período de quarenta dias no deserto e a consequente tentação que Jesus sofreu teria sido um tempo que o Pai lhe concedia para que pudesse fazer uma releitura da própria vida? Sim! Não uma releitura com o propósito de revelar a existência de alguma área obscura, mas uma releitura com o objetivo de, confrontado no seu limite extremo, Ele pudesse perceber em si mesmo e declarar perante o mundo e os poderes malignos que o Pai ocupava o absoluto primeiro lugar em sua vida. Nesse ponto o diabo teve que recuar; nesse ponto os anjos vieram e o serviram; nesse ponto, Ele estava preparado para exercer legitimamente sua missão de Salvador do mundo.
Eu sei que ser cristão, hoje, pode significar muitas coisas. Contudo, a Bíblia não dá muito espaço para divagações: “Ora, sabemos que o temos conhecido por isto: se guardamos os seus mandamentos. Aquele que diz: Eu o conheço e não guarda os seus mandamentos é mentiroso, e nele não está a verdade. Aquele, entretanto, que guarda a sua palavra, nele, verdadeiramente, tem sido aperfeiçoado o amor de Deus. Nisto sabemos que estamos nele: aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar como ele andou” – 1 João 2.3-6.
Prezado leitor: Ora, se Jesus precisou ser submetido a tais provas, como poderia ser diferente conosco, cuja vida inevitavelmente é marcada por tantas contradições? Os desertos, as pressões, as tentações trazem sofrimento, mas é quase sempre debaixo de condições assim que a nossa fé é confirmada. Por isso não tenha medo de se permitir uma releitura da própria vida. No fundo, Deus só quer tenhamos certeza que de fato o amamos acima de todas as coisas. Quando esse fato é confirmado, então também para nós virá a provisão e Espírito Santo nos revestirá de autoridade. Não para sermos novos messias, mas apenas para sermos filhos abençoados e servos que Ele pode usar.
JESUS, A OPÇÃO DA VIDA!