Tomo como exemplo a palavra virtude, que significa excelência moral. Veja que para uma palavra ser entendida, necessita de outras palavras que a definam. Enquanto as palavras preservarem o seu significado, a verdade estará a salvo, porém quando o sentido das palavras se perder, nada mais poderá ser comunicado com segurança. Acabe-se com os dicionários e já não teremos mais como nos comunicar. Veja que o conceito de virtude depende de duas outras palavras: excelência e moral. Mas o que é excelência, o que é moral, aos olhos da sociedade pós-moderna? O que significariam essas palavras dentro de um contexto de “Big Brother Brasil”?
Nossas escolas não ensinam mais os conceitos básicos de civilização. Todos os princípios morais e éticos caíram na vala comum do relativismo: -É bom para você? Então faça! Ora, desde quando o mundo foi assim? O ser humano é um ser gregário. Nunca, em lugar algum e tempo algum, uma sociedade pôde se manter saudável sem o estabelecimento de leis claras e penas justas, seja por códigos escritos ou consuetudinários. Num contexto de vida compartilhada, todos precisam saber aquilo que é certo e errado e, consequentemente todos, por força de suas consciências ou por imposição legal, ou respeitarão as regras ou terão que arcar com as consequências.
As civilizações todas foram construídas sobre essas bases. Evidentemente que a História registra muitos desacertos, muitos períodos obscuros nos quais aqueles que detinham o poder distorciam as leis e até as palavras em seu próprio benefício. Mas, passados esses períodos, de alguma forma as sociedades se reorganizavam e retomavam um rumo saudável. Ciclos de bem e mal são comuns num mundo decaído. Contudo, o senso comum na maioria das vezes, mesmo que tardiamente como foi no holocausto, acabava prevalecendo. Nas grandes crises que a História Universal registra, alguém ou alguma força social acabou se levantando e restabelecendo a ordem. E, quando isso não aconteceu, essas civilizações ruíram.
Temos na Bíblia alguns exemplos tanto de restauração, quanto de ruína total. Eu quero me ater a dois exemplos, por que creio que eles são emblemáticos. O exílio dos judeus na Babilônia poderia ter sido o fim daquele povo. Contudo, depois de setenta anos eles retornaram para sua terra, reconstruíram sua cidade, seu Templo sua sociedade e sua autoestima. Tudo isso foi possível por uma razão muito clara: Apesar da sua desobediência e do castigo que lhes foi imposto, eles não esqueceram do seu Deus, não esqueceram de sua identidade e, não esqueceram o significado das palavras que faziam parte do seu vocabulário. Então, chegado o tempo oportuno, as palavras dos profetas voltaram a tocar os seus corações. O exemplo oposto foi Sodoma: Sodoma nunca mais foi levantada por que seus habitantes estavam completamente entregues aos seus instintos. Eles haviam perdido completamente a noção de todas as coisas. Haviam descido tanto em sua depravação que as palavras, mesmo vindas da boca de anjos, já não faziam sentido algum para eles. A cidade tornara-se um retrato deles, e eles haviam se tornado o retrato da sua cidade. Aliás, o velho e sábio Platão já dizia que existe uma forte ligação entre construir uma boa sociedade e criar boas pessoas. Mas hoje alguém poderia ironicamente perguntar: O que é bom?
Prezado leitor: Uma sociedade representada por pessoas sem escrúpulos usa hoje de todas as forças à sua disposição para destruir o poder das palavras e especialmente a Palavra de Deus. Nós não somos animais e a fala é o grande diferencial natural que nos distingue do restante da criação. Perca-se o sentido das palavras e nos tornaremos as mais bizarras das criaturas. Pense nisso, pois alguns conceitos, por mais que a mundo queira, nem o novo Papa poderá mudar: “Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão” – Mateus 24.35.
JESUS, A OPÇÃO DA VIDA!