Há um processo autônomo em nosso cérebro que acontece no espaço em que as imagens entram pelos nossos olhos até ao ponto em que são fixadas na mente consciente. Por isso, a não ser que alguém tenha algum problema nos olhos ou no cérebro, todos podemos enxergar exatamente as mesmas coisas, ao mesmo tempo. Não é difícil imaginar como o mundo seria complicado e quantos acidentes aconteceriam se precisássemos analisar minuciosamente cada detalhe de uma imagem para concluir a respeito daquilo que estivéssemos vendo. Mas, graças a esse mecanismo espontâneo, simplesmente vemos. Assim, nossa única preocupação é manter os olhos abertos!
Mas no nível da alma, as coisas não são tão simples assim. Que maravilha seria o mundo, se as verdades do coração pudessem ser captadas com a mesma precisão. Nesse aspecto, quantas vezes somos traídos pelos nossos “olhos”. Foi a respeito desse “olhar” que Jesus se referiu ao dizer: “São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons todo o teu corpo será luminoso; se, porém, os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas. Portanto, caso a luz que em ti há sejam trevas, que grandes trevas serão”. (Mateus 6.22-23). Aliás, por causa desse olhar, às vezes tão relativizado, tão difuso, tão parcial, tão deturpado, tão míope, que numa manhã de sexta-feira, em Jerusalém, as mesmas pessoas que poucos dias antes saltavam de alegria proclamando “Hosana ao que vem em nome do Senhor”, agora gritavam enfurecidas: “Crucifica-o, crucifica-o”! Não eram os mesmos olhos?
Acontece que os olhos da alma, por não possuírem esse mecanismo autônomo, que torna as mesmas imagens iguais para todos, processam as suas percepções através da mente racional. Se o coração for bom, esse olhar manifestará misericórdia, mas se for mau, quanta confusão poderá suscitar.
É lógico que o olhar da alma pode ser comprometido também por quem comunica. Palavras, gestos, entonação de voz, expressões faciais, sempre carregam o risco de deturpar aquilo queremos transmitir. Mesmo escrevendo, quando temos a chance de ser mais exatos, podemos usar palavras inadequadas , que não irão expressar aquilo que efetivamente queremos dizer. É assim que, por mais que nos esforcemos, os equívocos são inevitáveis. Entre pessoas com um bom senso de realidade e uma dose razoável de boa vontade, há um grau de tolerância; um espaço sempre aberto para esclarecer dúvidas, reparar erros, pedir perdão e ser perdoado. Contudo, há pessoas que parecem possuir o “dom” de distorcer os fatos.
Essas pessoas quase sempre ouvem aquilo que ninguém mais ouviu e enxergam aquilo que ninguém mais enxergou. Conviver com elas é como andar por um caminho escorregadio, pois parecem sempre entender tudo ao contrário. Depois de algum tempo em sua companhia, saímos extenuados e carregando um inexplicável peso de culpa. O que há com essas pessoas? Ontem lendo Mateus 6.22-23 na versão da Bíblia de Jerusalém, “meus olhos” se abriram: “A lâmpada do corpo é o olho. Portanto, se o teu olho estiver são, todo o teu corpo ficará iluminado; mas se o teu olho estiver doente, todo o teu corpo ficará escuro”. Ali estava a resposta: A síndrome do olho doente!
Prezado leitor: Todos nós, em alguma medida, estamos afetados. O pecado corrompeu o nosso coração e afetou as percepções da nossa alma. Se não exercermos uma vigilância severa e permanente, mais julgamos do que realmente vemos. Todos então precisamos de perdão, todos precisamos de cura. E para todos, mesmo aqueles que fizeram dessa síndrome o seu modo de vida, há esperança. Existe outra possibilidade; existe o outro paradigma; existe, creia, outro modo de olhar aquilo que os nossos olhos vêem e, existe, louvado seja Deus, uma outra concepção de vida, muito acima do que podemos imaginar: “Se o teu olho estiver são, todo o teu corpo ficará iluminado”.
JESUS, A OPÇÃO DA VIDA!