Cosmovisão é uma palavra, bonita, pomposa. Não é grande mas seu som impacta e, ainda que alguém não conhecesse o seu sentido, intuiria que se trata de uma palavra importante, que expressa algo grande. Sua própria semântica facilita a compreensão: visão + cosmo (mundo) = visão do mundo. Mas exatamente aqui é que as coisas se complicam, pois mesmo que todo mundo saiba que o mundo é aquilo que é, cada um quer vê-lo ao seu modo. Como diz o ditado, “quem ama o feio, bonito lhe parece”. Isso é cosmovisão. E, olhando dessa perspectiva, não é de estranhar que as unanimidades sejam tão escassas, que os relacionamentos sejam tão difíceis e que os problemas sejam tantos e às vezes tão complexos; porque o relativismo das visões particulares, não tem o poder de relativizar  o mundo. O relativo pode estar em todos os sujeitos, mas nunca estará no substantivo, exatamente por que ainda que as visões sejam quase infinitas, o mundo é um só. Por exemplo: Alguém poderá alegar que mesmo andando na chuva não se sente molhado, mas tal afirmação não muda os fatos.   Por isso, essa palavra bonita, pomposa, impactante, que pode expressar de fato algo muito especial, pode ser também ambígua, incoerente, inconsistente, traiçoeira e destrutiva. Usando uma expressão bem comum, quem vê o mundo da forma errada, “está ferrado”. 

Mas qual seria a visão correta do mundo? Quem poderia alegar que a sua cosmovisão é a verdadeira? Quem teria autoridade para fazer tal afirmação?   Quebrando todos os protocolos, Jesus tomou para si essa prerrogativa: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida”. (João 8.12)  Lógico, que os judeus objetaram. E nós também o faríamos: “Tu dás testemunho de ti mesmo; logo, o teu testemunho não é verdadeiro. Respondeu-lhe Jesus e disse-lhes: Posto que eu testemunho de mim mesmo, o meu testemunho é verdadeiro, porque sei donde vim e para onde vou; mas vós não sabeis de onde venho, nem para onde vou. Vós julgais segundo a carne, eu a ninguém julgo. Seu eu julgo, o meu juízo é verdadeiro, porque não sou eu só, porém eu e aquele que me enviou”. (João 8.13-16). Nós poderíamos parafrasear mais ou menos assim esse diálogo: “Os Judeus disseram: Tu tens a tua maneira de ver o mundo e nós temos a nossa. Quem pensas que és para querer impor sobre nós a tua visão das coisas? Mas Jesus disse: Espera aí! Não é bem assim. Eu falo o que falo porque sei coisas que vocês não sabem. Eu não os estou julgando, mas estou querendo dar a vocês a chance de sair do relativismo para que enxerguem  as coisas como elas são.” Sobre essa base se fundamenta todo o ministério de Jesus: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim”. (João 14.6)

Alguns podem continuar achando absurdo que Jesus tenha tido a ousadia de fazer tais afirmações, mas particularmente acho que eu iria reclamar muito de Deus, se existindo Ele, não tivesse procurado alguma forma de se revelar e revelar os seus pensamentos. Ora, não tem a mínima graça achar que eu estou certo, quando as coisas costumam dar errado. Não é inteligente achar que todas as cosmovisões podem ser verdadeiras, quando o mundo vai de mal a pior. Para mim, a grande lógica de Jesus é que sendo as cosmovisões particulares um caminho tão obscuro e tão inviável, Ele veio para clarear a nossa visão e nos conduzir pelo caminho da vida. Isso é o Evangelho! 

Prezado leitor: Qual é a tua cosmovisão? Por causa da soberba do nosso coração, nós temos uma dificuldade imensa de admitir que podemos estar errados. Eu também sou assim. Contudo, um dia resolvi deixar minhas razões no altar de Deus e seguir a Jesus. Talvez isso soe apenas como um jargão evangélico, mas considere que se Jesus é quem disse ser, Ele tinha não somente a autoridade  mas também o dever de ser honesto e dizer que há uma verdade que se sobrepõe a tudo: A verdadeira  cosmovisão.