Eu poderia estar falando de um irmão de sangue ou de um irmão em Cristo, porém ele é mais do que isso. Normélio Bento Castoldi é as duas coisas e além disso é o meu melhor amigo. 

Tivemos uma única e breve discussão, quando ainda éramos solteiros. Minha mãe sempre dizia que quando uma coisa estragada parava em minhas mãos, havia somente duas alternativas: Ou voltava a funcionar, ou estragava de vez. Pois foi este o motivo da controvérsia! Eu havia desmontado um chuveiro elétrico e ele, precisando tomar banho, foi vítima da segunda alternativa. Quando nos viu discutindo, a Dona Lúcia exclamou perplexa: Ué! O que está acontecendo? Vocês nunca fizeram isso antes!  Olhamos um para o outro, meio sem jeito, e por fim começamos a rir. E esse foi o único desentendimento que tivemos. Não me glorio desse feito, pois no fundo eu sei que o mérito é quase todo dele: O Normélio  é um  verdadeiro pacificador!

Embora sendo seis anos mais velho, nossa amizade me levou a viver com ele praticamente uma segunda adolescência. Sendo assim, começamos namorar sério na mesma época. Ele, obviamente melhor resolvido, decidiu casar antes.   Eu estava também caminhando na mesma direção e, sentindo que nosso tempo de liberdade estava acabando, decidimos passar uma semana juntos, na beira de um rio, com um único objetivo: Pescar e conversar. Foi uma das experiências mais marcantes da minha vida!

Desse episódio, passaram-se já vinte e cinco anos. Ele casou em seguida e eu casei um ano depois. Quando Simone e eu quisemos nos “exibir” com o resultado do primeiro teste de gravidez, a Luciane, que é prima irmã da Simone, respondeu com um sorriso provocador: Acho que ainda não é desta vez!  Nosso filho nasceu dezenove dias antes.

Durante a gravidez, Ticiano e Jerônimo já compartilhavam  suas aventuras “ocultas”. As mães  evidentemente deram uma mãozinha!  Depois, ainda que quase sempre separados pela distância geográfica, foram de um modo ou outro compartilhando todas as fases da vida. Até hoje, parece não haver para eles maior alegria do que estarem juntos. São quase irmãos de sangue, são também irmãos em Cristo e a continuar assim, a amizade deles baterá todos os recordes. 

Normélio e Luciane com quatro filhos, nós com três, sempre que nos encontrávamos durante esses anos todos, eles, os filhos,  acabavam ditando a agenda.   Há questão de um mês, decidimos que já era tempo quebrar o jejum. Então, no sábado passado, eu e o meu irmão fomos para o nosso sítio, lugar onde crescemos. Só nós dois.  Lá comemos uma gostosa sopa de capeletti, conversamos, oramos, passamos a limpo esses vinte e cinco anos e percebemos o quanto Deus foi bondoso conosco. Tivemos tantas bênçãos, superamos tantos desafios, fizemos tantas coisas, colhemos tantos frutos que só nos restava mesmo nos alegrar, agradecer e reconhecer que muito daquilo que somos hoje, como indivíduos e como família, é fruto de uma boa semente que um dia deixamos germinar e se desenvolver dentro dos muros do nosso contexto familiar.

Prezado leitor: Hoje, dia 23 de maio, deixei este texto inacabado para participar do Seminário “DROGAS POR QUÊ?”, promovido pela Administração Municipal de Encantado. Ao final dos trabalhos o grupo identificou cinco principais fatores de risco para iniciação às drogas em nossa cidade: 1º) Desestrutura familiar; 2)Falta de limites; 3º) Más influências; 4º)Baixa auto-estima; 5º)Falta de objetivos. Confesso que saí de lá ansioso para chegar em casa e terminar meu texto.Tinha tudo a ver, pois ao nutrir valores e afetos verdadeiros na família, levantamos a mais eficaz das fortalezas contra o mal. Mas teríamos conseguido isso  sozinhos? Não! Tanto eu quanto o Normélio, como responsáveis pela liderança espiritual dos nossos lares, um dia fizemos a mesma declaração: “Eu e minha casa serviremos ao Senhor” – Josué 24.15.