Conforme o último Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, divulgado há poucos dias, o Rio Grande do Sul apresenta o maior índice no avanço da Aids do país, com 27,7 casos por 100 mil habitantes. Porto Alegre encabeça o ranking. Em nível nacional, no ano de 2010 foi registrado um aumento de 10% nos casos de Aids entre gays de 15 a 24 anos. Porém o fator mais alarmante é o aumento da doença entre as mulheres. Enquanto em 1989 eram seis homens para cada mulher infectada, agora a proporção é de 1,7 homens para cada mulher.  

Paralelamente a isso, casa-se cada vez menos e divorcia-se cada vez mais. Aliás este é mais um dos aspectos em que nós, gaúchos, estamos entre os primeiros da lista. As mulheres maduras já não querem filhos e as adolescentes os têm sem desejá-los. As drogas se transformaram numa epidemia incontrolável, com todos os males que dela decorrem e, segundo se ouve pelos bastidores, em nossa querida Encantado, 70 % da população usa medicamentos contra a depressão.  O que está acontecendo?

Nesta semana encontrei uma amiga que há tempo não via e, comentando uma crônica que escrevi há algum tempo atrás sobre minha infância lá interior, acabamos falando das mudanças que tem se operado desde então. Ao relatar alguns problemas graves que está vivenciando em seu círculo familiar, ela me fez exatamente essa pergunta: O que está acontecendo? Minha resposta foi óbvia: Falta de Deus na vida das pessoas!!! Nossa conversa foi breve. Ela admitiu que essa de fato era a razão principal dos problemas que havia compartilhado. Depois, quando retornei para casa, fiquei refletindo sobre essas questões e fiz algumas conexões que compartilho adiante.

Ora, não surpreende que nosso amado Rio Grande esteja tão mal nessas estatísticas? Não deveria ser o contrário? Não somos o estado mais culto do Brasil? As virtudes propaladas no hino que gostamos de cantar a plenos pulmões não nos deveriam fazer um povo livre de escravidões? Acontece, que o modo de pensar do gaúcho foi fortemente influenciado pelo humanismo positivista, que coloca o homem acima de todas as coisas e acredita que o ser humano é essencialmente bom.  Aliás, é ali encontramos a raiz principal do orgulho gaúcho.

Foi essa base filosófica aliada a um catolicismo sincrético, que criou essa estranha mistura de ateísmo, racionalismo, cristianismo, animismo e toda sorte de crendices que definiram o perfil da sociedade gaúcha. E então, como “cultuamos a cultura”, não só acreditamos que estamos certos, mas também que somos os melhores. É por isso que o termo pecado soa tão mais indigesto por aqui e que contrariamente à bandeira de liberdade que levantamos, o Rio Grande do Sul é um dos estados mais resistentes à pregação do Evangelho.

Ora, nenhuma dessas desgraças que assola especialmente o nosso estado, encontraria espaço numa sociedade que fosse de fato cristã. Mas infelizmente os nossos mentores intelectuais, as nossas lideranças políticas, os expoentes do meio artístico, os nomes mais influentes da mídia, quase sem exceção, têm suas mentes formadas pelo humanismo positivista.  E esse fato, aliado à complacência da religião dominante, está fazendo com que, gradativamente nossa sociedade perca o rumo e se torne cada vez mais e mais liberal.  Então, Já que pecado é falar do pecado; já que soa como atestado de ignorância falar que fomos criados por Deus; já que é tido por fanatismo afirmar que a resposta para os dilemas do homem está no Evangelho; já que nos achamos tão bons que nem precisamos de Deus, os fatos começam a falar  por si mesmos.  

Prezado leitor: Até que ponto a sua confiança nos homens o tem impedido de buscar a Deus? Até que ponto a mistura de crenças o tem impedido de aceitar o Evangelho? Até que ponto o liberalismo moral tem destruído sua dignidade e os seus relacionamentos? Até que ponto seu orgulho o tem impedido de se dobrar diante do Criador?

“Certamente, a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus?” – 1 Coríntios 1.20.