Você já encontrou alguma coisa pela qual não estava procurando? Certamente você dirá que sim. Muitos desse modo, digamos inusitado, chegaram a encontrar coisas importantes, como a oportunidade de uma carreira profissional bem-sucedida ou até mesmo um grande amor. Minha teoria a respeito deste assunto é que quando algo inesperado surge diante de nós e nos atrai para si, é por que já havia uma busca latente em nossos corações. Talvez algo ainda indefinido, mas pronto para se manifestar diante da oportunidade. Penso assim, pois tenho notado que há pessoas bem mais hábeis do que outras para encontrar as oportunidades. Essa habilidade não vem do acaso, mas vem da busca.

Vejo isso especialmente na área espiritual. Há pessoas que são agraciadas por Deus com repetidas oportunidades de conhecê-Lo, mas ao invés de se aproximarem dEle tornam-se cada vez mais indiferentes. Há outras, no entanto, que se deixam tocar profundamente ao ouvir pela primeira vez o Evangelho. Quebrantadas, abandonam ali mesmo sua velha vida e se entregam sem reservas aos braços do Salvador. Onde estaria a diferença?

Há algum tempo atrás um folheto evangelístico chegou às minhas mãos. Seu título era: Você tem sede de Deus?   Imaginei as diferentes respostas que as pessoas dariam a si mesmas diante de tal pergunta. O conteúdo do folheto era muito convincente, mas fiquei pensando no que aconteceria se ele contivesse somente o título. Será que o resultado seria muito diferente? A simples pergunta não seria suficiente para impulsionar a alma sedenta a procurar pela oportunidade de saciar sua sede?   Ou o conteúdo do folheto, por mais convincente que fosse, seria suficiente para abrir o coração de alguém que não estivesse buscando?

Muito frequentemente ouço pessoas atribuindo a Deus o livramento de acidentes, a cura de enfermidades e tantas outras coisas extraordinárias. Acho fantástico isso, mas se confrontarmos essas mesmas pessoas com o desafio de se entregarem realmente a Deus, a grande maioria irá reagir como aquele jovem desafiado a seguir Jesus: “Tendo, porém, o jovem ouvido esta palavra, retirou-se triste, por ser dono de muitas propriedades” – Mateus 19.22. 

Essas pessoas sabem que Deus existe, e se dizem gratas por terem sido amparadas nesses momentos cruciais, mas não há nelas uma busca que as leve a perguntar afinal quem é esse Deus que as socorreu e tampouco querem saber se Ele possui um plano para suas vidas.   Essas pessoas transformaram oportunidades preciosas em juízo, pois testificam que Deus veio ao seu encontro, mas elas mesmas permaneceram onde estavam. Mudaram talvez alguns aspectos da vida, mas provavelmente não foram além de colocar “remendo de pano novo em veste velha” – Marcos  2.21

Prezado leitor: O coração sedento jamais confundirá o fugaz momento da oportunidade com a posse definitiva daquilo que anseia; o coração sedento jamais descansará satisfeito antes da certeza de haver chegado às águas que saciam; o coração sedento estará disposto a renunciar tudo o que lhe for pedido para possuir aquilo que mais almeja: “O Reino dos Céus é semelhante a um tesouro oculto no campo, o qual certo homem, tendo-o achado, escondeu. E, transbordante de alegria, vai, vende tudo o que tem, e compra aquele campo” – Mateus 13.44.  

E por fim, o coração sedento, mesmo havendo encontrado, jamais cessará sua busca. Afinal, haveria alguém capaz de esgotar os mananciais do conhecimento de Deus?