Para compreender a pessoa e obra de Jesus Cristo é necessário compreender também algumas verdades que fazem parte do contexto histórico e teológico que envolve esse Nome. Não podemos usar a palavra Jesus como se fosse um termo abstrato, cujo significado pode ser atribuído ao gosto de cada um; não podemos separar Jesus do contexto no qual Ele está inserido e pensar que ainda estamos falando da mesma pessoa.   

No contexto com o qual Ele se identifica, há um mundo criado e sustentado por Deus e não um mundo gerado em si mesmo; o Deus de quem Ele fala, não é um “deus” mitológico ou panteísta, que possa se confundir com algo que brotou da imaginação humana ou com  qualquer outro elemento da própria criação. O Deus que Ele apresenta é o Deus vivo, pessoal e eterno, o Deus criador de todas as coisas e com as quais se relaciona efetivamente.  No contexto com o qual Jesus se identifica, nós somos parte central da criação, feitos à imagem e semelhança do próprio Criador;  no contexto com o qual Jesus se identifica,  Sua vinda não teve outro motivo que não salvar o que se havia perdido.

Jesus, portanto, situa tanto nossa existência e condição, quanto Sua própria pessoa e obra, dentro de um espaço muito bem definido. Ele não somente afirma nossa singular origem, mas confirma a incidência de uma queda real, que manchou concretamente nossa natureza.  

Então, quando pensamos em Jesus, devemos considerar que Ele situa-se dentro de uma realidade concreta, habitando num corpo efetivamente físico, realizando obras concretas, transmitindo conceitos concretos, que podem ser compreendidos, vividos e verbalizados; Sua morte não foi simbólica ou ilustrativa,  Ele morreu de fato, derramando  Seu sangue num sacrifício expiatório e substitutivo,  por causa do meu e do seu  pecado.  

Seria possível traduzir isso com palavras ainda mais simples?   Eu diria que se você quer ter a Jesus, precisará vê-lo como Ele é e precisará ver-se como Ele o vê.   Esta é a verdade que liberta!   Ele é o salvador e você é o alvo da Sua obra:  “Por que Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porquanto Deus enviou o seu filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito de Deus” – João 3.16-18.

Você poderá perguntar: Isso significa que sem Jesus estou condenado? Sim! Ele não deixou nenhuma dúvida quanto a esse fato.   E, é somente dentro dessa visão que a pessoa e obra de Jesus fazem sentido.  Ele veio para dizer o quanto o ama, mas veio também para dizer o quanto você é pecador. Vendo seu inestimável valor, veio procurá-lo; vendo sua irremediável  perdição, se propôs salvá-lo.

Apesar de toda beleza plástica que envolve nossa sociedade, vivemos hoje uma descomunal crise de identidade. Assim, na ânsia de encontrar algum senso de valor próprio, queremos dizer e ouvir somente aquilo que é agradável. Mas o amor exige um compromisso com a verdade toda!   Em minha experiência pessoal, percebo que as pessoas que de fato me ajudaram, não foram aquelas que me bajularam, mas aquelas que me amaram o suficiente para falar aquilo que eu necessitava ouvir; em minha experiência pessoal, percebo que jamais teria compreendido o amor de Jesus, se eu não estivesse disposto a ouvir, afinal, quem sou.

Prezado leitor: se você entende que o Evangelho é a verdade, então você deverá aceitá-lo como ele é: tanto quando fala do seu valor, como quando fala do seu pecado. Somente assim você compreenderá o que afinal Jesus veio fazer aqui e, somente assim você também compreenderá o quanto Ele o ama!