Há cerca de dois meses a minha cafeteira italiana, tendo seu cabo derretido, se tornou inútil para seus propósitos originais, que também foram os motivos de eu tê-la adquirido: fazer um bom café! Apegado afetivamente a ela e receoso de descartá-la impulsivamente, a deixei em um canto, descansando de sua missão. Como a comprei pensando em tomar café, não sabia como dar-lhe outro uso, mas ao mesmo tempo achei que seria um desperdício simplesmente descartá-la, pois algo poderia surgir em minha mente em algum momento. Afinal, sou filho do Armando - que me cede esse espaço, e aprendi com ele a reaproveitar criativamente coisas assim. Por muitos dias encarei a cafeteira quando passei pela cozinha, até que uma ideia começou a crescer em minha mente: daria um belo vaso para uma bela planta! A ideia veio, mas faltava estímulo. Como não tenho pressa, decidi esperar um pouco mais.
Na última semana, minha esposa Gabrielle, após forte inspiração e numa potente onda motivacional, decidiu iniciar trabalhos artesanais com folhas de árvores e gramíneas. A casa, em poucos dias, ficou repleta de toques vegetais, e toda a alegria dela, tal como seu desempenho artístico, mexeram algo dentro de mim. Decidi, então, concretizar minha ideia. Adquiri alguns cactos e uma dose de ânimo. Observei a cafeteira e a desmontei. Em poucos minutos, suas duas metades foram transformadas em dois vasos metálicos e poligonais, e descobri que a cafeteira guardava o segredo de uma beleza imprevista, passível de ser coroada por plantas e capaz de deixá-las mais bonitas do que já são. Olhando agora, parece que a engenhoca de café nasceu para ser vaso de flor! Só precisava estar nas mãos de alguém que viu algo mais do que um instrumento quebrado. E eu só pude fazer isso, pois tive o exemplo norteador de meu pai e porque fui inspirado pela minha companheira.
O psicólogo Jonathan Haidt descobriu que a presença de pessoas sábias e inspiradoras em nossas vidas é uma das bases da boa saúde mental, pois essas pessoas criam em nós, por meio de seu exemplo, o ímpeto de fazer coisas boas. É quase uma lei natural: se decidimos estar com pessoas de vidas belas e personalidades ricas, acabamos sendo enriquecidos. Do contrário, se nos determos na “roda dos zombadores” (Salmos 1:1), aos poucos vamos ficando iguais a eles. Veja só: eu fiz algo bonito porque tenho guardado dentro de mim o modelo de meu pai e porque convivo uma esposa que me enche de motivação. E mais: tal como a cafeteira quebrada dependeu da minha presença afetuosa para ser transformada em algo melhor, eu mesmo noto que fui transformado pela boa influência de pessoas exemplares, sobretudo os supracitados, minha mãe, avó e irmãos.
Caro leitor: Não importam suas condições atuais, Deus quer te restaurar. Para isso, contudo, é importante que você se ajude, pois o Senhor certamente quer usar outras pessoas para realizar essa boa transformação na tua vida. Cerque-se daqueles que a Ele temem, “porque o Senhor conhece o caminho dos justos; porém o caminho dos ímpios perecerá.” (Salmos 1.6).
(Natanael Pedro Castoldi – Psicólogo Clínico)
