“O que era desde o princípio, o que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram pela Palavra da Vida...o que vimos e ouvimos isso vos anunciamos...” (1 João 1.1-3)
Precisamos ter consciência de que a espiritualidade não acontece no vácuo, mas dentro das situações de vida no mundo. A palavra “espiritualidade” está baseada na palavra hebraica “ruach”, cuja tradução é “espírito”, mas que inclui um amplo campo de significados, abrangendo “fôlego” e “vento”. Sendo assim, falar sobre o espírito significa discutir o que dá vida e ânimo a uma pessoa. É a vida da fé- aquilo que impulsiona e motiva o ser.
Alguns optam pelas religiões existentes e começam a ir a igrejas e se aproximar da fé cristã ou outras expressões de credo. Outros, escolhem formas não institucionalizadas de lidar com o sagrado, sem intermediários clericais e tantos dogmas para viver uma experiência com o transcendente. No contexto cristão, creio que espiritualidade seja uma vida vivida junto do Senhor. Nosso encontro com Cristo é o ponto de partida e a partir dali tudo que vivermos será nossa espiritualidade. A espiritualidade bíblica, portanto, envolve a pessoa inteira - corpo, alma e espírito - e isso irá refletir em seus desejos, amizades, prioridades e visão de mundo.
O texto que cito no início, no qual o apóstolo João abre sua primeira carta, para mim é a descrição da vida espiritual de uma pessoa de como a podemos vivemos em sua plenitude. Ele fala de sua experiência durante o tempo em que esteve com Jesus. Para ele, tudo o que viu, ouviu, tocou e experimentou são marcas que influenciaram toda sua vida e caráter. Cada palavra proferida por Cristo que ele ouviu ecoa em sua alma. Cada toque de cura, cada milagre visto, está em sua mente como imagens vivas que nunca serão apagadas.
Necessitamos por vezes da solidão, da quietude e da meditação nas Escrituras para alimentar nossa vida espiritual. Todavia, conforme o livro de Atos, o sair em missão, proclamar, conceder saúde a doentes, fazer discípulos também fazem parte dessa experiência. E isso, exige uma contrapartida, afinal para beber do próprio poço e ter nossa própria água, precisamos usar nossas ferramentas e esforço, nosso tempo e dedicação para cavar e cavar mais fundo. Mas todo esforço valerá a pena, ao encontrarmos as águas vivas jorrando!
Prezado leitor: Muitos estão confusos sobre a maneira certa de orar, de aprofundar a sua comunhão com Deus. Ouvem tantas coisas e métodos, que parece ser difícil um andar com o Senhor. Quando isso acontecia comigo, eu me voltava à simplicidade das Escrituras, que me revelavam a pessoa do meu Salvador, alguém que queria mais relacionamento do que fórmulas e métodos para agradá-lo e servi-lo. Assim as coisas se tornavam mais fáceis e leves. Ora, a Palavra de Deus apresenta essa realidade aberta a todos que quiserem experimentá-la: “Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno”. (Hebreus 4.16) Deus o abençoe nessa busca!
