ASSOMBRO

               A vida, é o mais espantoso dos milagres. A vida, apesar do exponencial avanço da ciência, continua sendo o grande mistério que desafia a inteligência e a soberba humana. Uma pequena folhinha da relva que cresce “naturalmente” no chão, e sobre a qual pisamos sem a menor cerimônia, é  uma obra infinitamente mais fantástica do que o próprio universo material e, incomparavelmente  maior do que a mais sofisticada das invenções humanas, simplesmente por que há algo ali sem o qual, nada faria sentido algum, em lugar algum.

               E o que é a ciência? A ciência é nada mais do que a inquirição de uma mente inteligente sobre leis que, absolutamente todas elas, já estão postas. Não existisse o homem, e lá estariam todas, exatamente como são, e cumprindo todas elas, exatamente a função pela qual existem. Não há razões lógicas para nos ensoberbecermos tanto, se em todos e já raros lugares onde a mão do homem ainda não tocou, a vida flui absolutamente saudável. Na verdade, o universo material, a vida e todas as leis que estabelecem e preservam a harmonia do cosmos, existiriam e funcionariam muito bem sem a nossa incômoda presença.  E, no entanto, eis que estamos aqui!

               O que aconteceu conosco? Como conseguimos, sendo a obra mais fantástica da criação, nos tornar tão arrogantes e nocivos?  Claro que eu tenho uma explicação elementar: o pecado! Contudo, eu quero falar de algo não tão óbvio, pois mesmo com o pecado, não perdemos a capacidade de pensar de maneira lógica, não perdemos a capacidade de contemplar o belo, não perdemos a sensibilidade para dimensionar as realidades que nos cercam. Creio então, que além do estrago moral que o pecado produziu em nós, à medida que interferimos na criação e criamos o nosso próprio universo artificial, fomos imperceptivelmente perdendo a capacidade de assombro. Este talvez seja o grande mal do nosso tempo: nos fixamos tanto na aparente sofisticação e segurança das tantas tralhas que inventamos, que já não conseguimos ser impactados por aquilo que “é” muito antes de nós, e que continuará “sendo” apesar e muito depois de nós.

               É a capacidade de assombro; de deslumbramento e temor diante do universo criado, que nos mantém em nosso lugar e nos permite atinar com o nosso papel em todas as dimensões da nossa existência, inclusive e obviamente, responder ao chamado do nosso Criador: “Ó Senhor, Senhor nosso, quão magnífico em toda a terra é o teu nome! Pois expuseste nos céus a tua majestade. [...] Quando contemplo os teus céus, obra dos teus dedos, e a lua e as estrelas que estabeleceste, que é o homem que dele te lembres? E o filho do homem, que o visites? Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor do que Deus e de glória e de honra o coroaste.  Deste-lhe domínio sobre as obras da tua mão e sob seus pés tudo lhe puseste: ovelhas e bois, todos, e também os animais do campo; as aves do céu, e os peixes do mar, e tudo o que percorre as sendas dos mares. Ó Senhor, Senhor nosso, quão magnífico em toda terra é o teu nome!”. (Salmos 8.1-9)

               Prezado leitor: Neste novo ano, faça algo que talvez esteja completamente fora das suas cogitações: Permita-se deixar-se assombrar pela contemplação de Deus e da Sua criação!

JESUS, A OPÇÃO DA VIDA!